Hoje, no Blog do Totonho, faço uma analogia que surgiu em minha mente. Comparo as medidas bidimensionais das fronhas com certas situações da atualidade. Parece algo meio maluco, mas tem seu fundamento 😉:
Certa vez, verifiquei que precisava comprar novas fronhas para nossos travesseiros. Parti para a loja, pensando: "Para comprar algo tão simples, não preciso de mais nenhuma especificação além do tamanho de meu travesseiro. Será rápido, irei apenas escolher as cores, o material e a quantidade que desejo". Ao chegar na loja, o vendedor me atendeu dizendo: "Ah sim, mostrarei as cores e o material das que tenho aqui. Todas são tamanho padrão, 50cm x 70cm. Seus travesseiros são de que tamanho?". Respondi a ele que eram 50x70, porém eram travesseiros um pouco "gordinhos". Ele disse que isso não era relevante, o que importava era saber se o travesseiro também era 50x70.
E assim foi. Escolhi as cores e o material. Comprei duas fronhas, tamanho padrão, 50x70.
Ao chegar em casa, "vesti" os travesseiros. E, durante a noite, o teste final: o travesseiro não estava mais tão confortável como quando estava sem fronha. Algumas dores no pescoço e, no dia seguinte, ao observar o travesseiro gordinho dentro da justa fronha, pensei: "a fronha 50x70, fabricada e vendida para travesseiro de mesma medida, mas considerando, porém, apenas medidas bidimensionais, ignorando completamente a realidade de que o travesseiro possui enchimento. Fabricam a fronha imaginando que o travesseiro seja plano e negando sua forma tridimensional, assim como muitos pensam que a Terra é plana".
Que tendência seria essa de negar conteúdos táteis, provas robustas, e preferir o simplismo bidimensional e raso? Simplismo esse costumeiramente utilizado em colocações puramente convenientes, que não buscam a verdade e o esclarecimento, mas sim o domínio de consciências desatentas? Sim!! Conveniência!! Essa é a resposta! Certamente, os fabricantes de fronhas em grande escala seguem o padrão bidimensional, sem atentar para pequenas diferenças de altura entre os travesseiros, pois isso permite uma produção mais conveniente e, portanto, menos onerosa.
E assim também os terraplanistas e todos aqueles que optam por negar a ciência, negar a diversidade de gêneros e de raças, aqueles que buscam negar a realidade de que os seres humanos são diversos em suas origens, pois são variadas as nacionalidades e as naturalidades, porém todos pertencem à raça humana, todos são habitantes de um mesmo planeta e, como tal, devem ser tratados com o mesmo respeito.
Todos, humanos, juntamente com animais e plantas, são manifestações de vida, portanto não cabe negar essa realidade, subir no salto e achar que um país, ou uma raça, ou qualquer que seja a unidade, seja melhor que o todo. Negar as diversidades é conveniente para o ser que, dentro de seu doentio egoísmo, busca apenas o domínio de poder, pois é incapaz de articular convivências salutares e justas com os diferentes. Se são governantes, julgam-se maiores até mesmo que as instituições oficiais, negam a repartição de poderes e põem-se a agir como ignorantes ditadores em suas nações e até mesmo fora delas.
Nada é apenas bidimensional, nenhuma questão pode ser respondida com o simplismo que nega uma observação mais profunda e mais empática da diversidade e do conteúdo multidimensional das subjetividades.
Por fim, sempre é bom lembrar: o travesseiro é tridimensional, cada um tem seu conteúdo e sua quantidade de enchimento.
Luciana G. Rugani
Pensadora, escritora e experimentadora da arte
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