Mais uma antologia saindo do forno no Portal Ornitorrincobala, da qual tenho a honra de participar: "Minimicro: minicontos e microcontos".
Dessa vez, Jiddu Saldanha, organizador do portal e da antologia, resolveu dar um destaque à nanoliteratura, especialidade literária que busca transmitir uma mensagem expressiva utilizando um mínimo de recursos, e que tem crescido muito com o advento das redes sociais. A antologia possui minicontos, com até 250 palavras, e microcontos, com até 50 palavras.
"Minimicro: minicontos e microcontos" conta com a participação de 18 escritores de várias partes do Brasil, entre eles eu, meu querido Hairon H. de Freitas e duas escritoras sobre as quais fiz edições do "Arte na Rede", que são Soniamar Passot e Lélia Queiroz.
A antologia está impecável! Vale a pena conhecer mais esse belíssimo trabalho de Jidduks.
Abaixo seguem o miniconto e o microconto com os quais participo.
Clique aqui para baixar gratuitamente a antologia completa:
O Aprendizado de Ataulfo
Ataulfo, uma gaivota-macho muito elegante, gostava de interagir com humanos e de comer batatas fritas e comidas temperadas. Arlindo, seu irmão, sempre o alertava sobre o perigo que isso representa para a sobrevivência da espécie.
Ataulfo casou-se, e teve três filhotes franzinos e sem energia, que mal conseguiam manter-se nos ares. Tempo depois, dois de seus filhotes partiram para o “céu das gaivotas”, restando apenas o filhote do meio, cujo organismo já não assimilava mais os nutrientes e, por isso, não podia mais
voar e dependia totalmente dos pais para alimentá-lo.
Certo dia, Ataulfo pôs-se a refletir, enquanto observava o pôr-do-sol. Lembrou-se do alerta de Arlindo sobre o perigo que alimentar-se das comidas dos humanos representava para a espécie: “Se a gaivota, em idade reprodutora, alimentar-se das comidas condimentadas dos humanos, os filhotes não assimilam os nutrientes necessários, nascem desnutridos e pouco resistentes a infecções”. Ataulfo pensou: “Pena haver tomado consciência das palavras de Arlindo apenas agora... Vivi como desejei, sempre ignorando que a natureza um dia nos cobra pelas atitudes insanas.
Vivi meus dias como se fossem os últimos, ignorando os limites de minha natureza, e hoje aqui estou, a pagar um preço... um preço alto demais".
Luciana G. Rugani
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Fofoca
Solaris falava com estrelas. As estrelas contavam-lhe segredos, desnudavam-lhe destinos. Certa noite, após confabular até alta madrugada, viu forte luz em seu quarto e, para sua surpresa, vislumbrou, em sua cama, uma linda estrela cadente que, por tanto fofocar, errou o trajeto, entrou pela janela e apagou-se de vez.
Luciana G. Rugani
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