Assim como precisamos ler a bula antes de tomar algum remédio, leiam meu artigo de hoje, do Blog do Totonho, antes de votar:
Muitos cidadãos costumam tratar as eleições como se fossem um jogo de apostas e esquecem que voto não é disputa de força, mas sim um meio de escolher aquele nome que nos parece mais limpo e mais capacitado para ocupar o cargo que disputa. O eleitor, ao votar, não está apostando em quem parece que vai ganhar, mas sim elegendo um nome para estar à frente da administração para servir à população com respeito pela coisa pública, e a coisa pública tem dono. Não é um patrimônio bilionário pronto para ser apoderado, é um patrimônio de cada cidadão que vive no respectivo território.
Na última terça-feira, li uma postagem do candidato a vereador, Cláudio Leitão, em suas redes sociais, e gostei muito, pois o texto fala sobre aquele cidadão que desmerece alguém que ainda não conseguiu se eleger para um cargo público, como se vencer eleição fosse sinônimo de retidão e capacidade para exercer o cargo. Diz um trecho da postagem: "um cidadão me abordou com a seguinte pergunta: 'Pô Leitão, eu sei que você é um cara inteligente, mas você até hoje não ganhou nenhuma eleição que disputou'. O cara não perguntou de forma agressiva e por isso respondi. Minha resposta: Rapaz, você tem razão. Não ganhei. Eu sou ruim de voto e os caras são bons. Os eleitores também são bons de votos. Olha para a cidade. Está uma maravilha. Os prefeitos 'bons de voto' eleitos fizeram uma gestão espetacular. Aposto que você e eles estão felizes, e por isso, irão votar neles novamente. A Câmara de Vereadores, então, está excelente. Só gente preparada. Veja quantas leis eles fizeram para melhorar a sua vida e a dos outros eleitores. Eu não vou nem te perguntar porque você ficaria um tempão me lembrando delas. O dinheiro público sempre foi bem fiscalizado, né! Uma belezura. Por isso tudo me dá o meu panfleto de volta, você certamente não precisa dele".
A fala de Cláudio Leitão foi certeira, muito apropriada para aquele cidadão que tem uma noção totalmente equivocada sobre o instrumento do voto. Às vezes, penso que há pessoas que parecem gostar de reclamar sempre das mesmas coisas, pessoas que aceitam como normal o oferecimento de serviços ruins por parte da prefeitura. Para essas pessoas, eleição é como uma aposta de jogo. Elas, então, votam naqueles que têm poder financeiro para comprar eleições e deixam de lado aqueles que têm capacidade e hombridade para governar, ou para fiscalizar e legislar. Todo o cenário da atualidade é resultado da escolha dos eleitores, os eleitores têm sua quota de responsabilidade nos problemas do Município, pois os gestores são por eles eleitos.
É preciso rever as significâncias que envolvem o tema "eleições". A sociedade cabo-friense precisa adquirir a maturidade necessária para uma cidade do porte de Cabo Frio. A cidade não é mais aquela cidadezinha pequena, onde poucos dominavam o cenário e havia pouco a ser resolvido. Houve um rápido crescimento populacional e, junto com ele, os problemas, mas parece que a sociedade não seguiu o mesmo ritmo no quesito "maturidade". A cidade hoje não comporta essa maneira totalmente equivocada de pensar o voto.
Os cidadãos precisam lembrar que errar é normal, pode acontecer, porém persistir no erro já não é equívoco e sim conveniência pessoal, e isso é que precisa mudar! Enquanto a sociedade cabo-friense não amadurecer para um olhar mais coletivo, a cidade continuará sob o domínio de uma forma destrutiva de fazer política, as obras e serviços continuarão sendo realizados sem transparência e por meio de manobras escusas, com uma conta alta a pagar no final.
Com certeza, não há um só cidadão que, em alguma ocasião, não tenha se enganado na política e com políticos, mas é preciso rever os conceitos e compreender que a participação democrática pressupõe maturidade e responsabilidade com o resultado das escolhas.
Que mais cidadãos possam refletir nessas palavras para dar a seu voto um destino mais digno. Que, na cabine de votação, a consciência de cada um pese mais do que a oferta ou a promessa de benefícios pessoais.
Luciana G. Rugani
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