A incoerência naturalmente pode se fazer presente, assim como qualquer equívoco. O problema é quando a incoerência torna-se conveniência.
Leia meu artigo de hoje no Blog do Totonho:
É incrível observar pessoas que, até pouco tempo, não poupavam críticas a gestores públicos que se mostraram incapazes de realizar o básico do básico na área cultural, e agora apoiam nomes a eles aliados! Observo os argumentos, as falas cheias de contradição e permeadas de insensatez, e só posso acreditar que, de fato, nada irá mudar, e muito menos melhorar, se as pessoas não despertarem para a realidade de que elas mesmas perpetuam aquilo do qual passam a vida a se queixar.
Já são anos de atraso e estancamento, o fazer cultural já poderia estar anos-luz na frente, porém até hoje não se realiza com efetividade nem mesmo o básico! Os espaços culturais diminuíram e aqueles que ainda existem sofrem de falta de manutenção. Já poderíamos estar muito mais avançados, até mesmo com demandas mais condizentes com a modernidade, porém ainda é preciso pleitear o que em outras cidades já existe de maneira rotineira. Isso é lamentável!
A cultura nunca foi algo valorizado e visto como relevante, justamente porque um povo culto é muito mais difícil de se manipular. As velhas estratégias de manipulação não funcionam muito quando se tem uma população mais consciente de sua realidade e das artimanhas de dominação do meio político em conjunto com os interesses da classe econômica dominante. E a cultura tem também esse papel, ela pode impulsionar muito a conscientização! Vejo a cultura cidadã consciente como um ponto de resistência contra o trator da destruição em prol de lucros cada vez maiores dos grandes grupos para os quais pouco importa as condições de vida de determinado povo. E quanto mais à vontade se sentem esses grupos para fazerem o que bem quiserem em um município, mais sufocada será a voz de sua população. E quanto mais alienado e de olhos fechados para a realidade dos interesses de exploração que lhe rondam, mais atrasado será um povo.
É lamentável ver que esse atraso tem tomado força em parte da população que não consegue perceber que, ano após ano, vem elegendo sempre os mesmos grupos, aliados aos mesmos exploradores econômicos que só querem especular, e que tratam a cultura como algo irrelevante e a memória histórica como algo sem nenhum valor.
Há alguns anos, ouvi de uma dessas pessoas que a memória de uma cidade deve ser guardada na própria lembrança de cada um. Uma fala que deixa claro o egoísmo típico dos que não se importam em destruir, desde que suas parcelas lucrativas estejam garantidas. E, na atualidade, quando vejo fazedores de cultura apoiando nomes ligados a esse especulador modo de pensar, pessoas que poderiam fortalecer um caminho totalmente oposto a esse "modus operandi" de anos a fio na cidade, só me cabe pensar que, infelizmente, a incoerência tornou-se uma pessoal conveniência.
Luciana G. Rugani
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