No meu artigo de hoje, no Blog do Totonho, abordo a necessidade que temos, atualmente, de afirmar e reafirmar o obvio:
Com certeza, dentre todos os textos que escrevi até hoje, este artigo é o primeiro cujo título veio antecipadamente à minha mente. Em tudo que escrevo, o título costuma ser a última coisa a que me dedico. Mas não há afirmação que ilustre, tão perfeitamente, a necessidade atual de afirmarmos e reafirmarmos o óbvio, como a afirmação de que a Terra é redonda.
A começar pelos próprios adeptos do negacionismo, que, com suas teorias, negam que a Terra seja redonda, negam viagens espaciais, negam benefícios das vacinas, entre outras coisas, a impressão que tenho é que essas teorias malucas acabaram pondo fim ao bom senso e destruindo quaisquer limites éticos. Nos dias atuais, vemos defesa do que antes era indefensável, a tão chamada "cara de pau" hoje é natural e escancarada. Hoje, apesar da existência de inúmeros registros nas redes sociais, sejam vídeos, falas, textos, há aqueles que simplesmente negam que disseram algo, mesmo com tantas provas ao contrário. Simplesmente negam! Espalham inverdades nas redes sociais, as famosas "fakenews", e depois, quando lhes são exigidas as provas, simplesmente negam que disseram ou que divulgaram as notícias falsas. Vemos congressistas defendendo condutas e situações que, até pouco tempo, não teriam tamanha ousadia para defendê-las, pois a defesa seria inaceitável pela grande maioria da população. Hoje é preciso afirmar e reafirmar, por exemplo, que o uso das instituições do Estado para fins particulares é algo proibido pelo nosso ordenamento jurídico, pois grande parte da sociedade passou a considerar essa conduta como algo normal! Explodem escândalos de uso do poder público por políticos para fins pessoais e, ainda assim, eles são aplaudidos e endeusados como se fossem personalidades ilibadas! Para parte de nossa sociedade, o negacionismo tornou-se modo de vida, e essas pessoas passaram a negar os limites éticos. Antes, havia a certeza quase unânime de que a difamação era uma conduta negativa, contraindicada, e que poderia gerar transtornos e punições. Hoje, os negacionistas da ética deturpam conceitos e usam a liberdade de expressão como justificativa da liberdade para ofender. Em nome da tal liberdade egóica que tanto defendem, tudo se torna permitido. Para eles, é permitido destruir, destruir o outro, destruir a natureza. Negam limites como se o mundo tivesse que aceitá-los como são e ser como eles. Negam tanto, que perdem a capacidade de entender com clareza os limites necessários para uma vida em sociedade, onde a liberdade, para existir verdadeiramente, necessita de respeito, de ética e de empatia. Apegam-se a conceitos rasos, perdem a capacidade de interpretação sistemática dos conceitos legais e constitucionais e passam a defender, de maneira estapafúrdia, atitudes que, antes, o senso comum as repudiaria e nem as colocaria em discussão.
Sim, a Terra é redonda! Essa frase resume todas aquelas que, apesar de sentirmos até certa preguiça de repeti-las, por constituírem princípios basilares ou valores incontroversos, precisamos, mais do que nunca, afirmá-las, reafirmá-las e repeti-las.
Luciana G. Rugani
Comentários
Postar um comentário