Nessa última quinta-feira, publiquei um texto no Blog do Totonho em que faço algumas reflexões sobre quando a política torna-se um fim em si mesma. É quando o foco da política perde seu sentido original. Leiam:
Às vezes, me pego inferindo conclusões a partir da observação de acontecimentos do dia a dia. E acabo chegando a resultados que, na verdade, não representam uma conclusão final, mas sim um primeiro passo para novas reflexões ou novos debates que possam surgir a partir daí.
Como estamos em ano eleitoral e a política, em geral, já está fervendo, minhas reflexões apontaram que, infelizmente, a política tornou-se um fim em si mesma. E isso porque a política partidária, para muitos, tornou-se carreira, um meio de prosperar e obter ascensão, um negócio. Em razão disso, questões partidárias passaram a ser priorizadas. O mais importante, para esse grande número de políticos, não é mais saber se há alinhamento com os ideais partidários, não é mais saber o que um certo nome representa, se seu perfil político será coerente com o planejamento pretendido, ou como foi construída a trajetória de tal nome, ou os meios que foram utilizados para chegar onde chegou. A função política de conciliar os interesses diversos, com foco no máximo de harmonia coletiva e no bem comum, conforme seu significado original, deixou de ser prioridade, sendo substituída pela ampliação de poder a qualquer custo, ainda que essa ampliação de poder possa ser o golpe fatal no próprio êxito de um governo. Para muitos que lidam no meio, as forças políticas e o peso eleitoral passaram a ocupar o primeiro lugar no elenco de prioridades políticas. Eles apoiam aquelas ou aqueles que lhes pareçam ter mais força política e, com essa atitude, demonstram, sem nenhum constrangimento, que o que desejam é apenas estar com os mais fortes para, assim, obter seus ganhos políticos pessoais. Isso é inverter totalmente o sentido da política, é negociar o inegociável. Claro que pensar estratégias, analisar as forças e os pesos eleitorais, isso tudo é importante. Agora, colocar isso em primeiro lugar, deixando de lado a coerência, a análise dos ideais partidários e outros quesitos relevantes que, de fato, poderão fazer a diferença no êxito de um governo, é fazer política por política, é fazer com que os meios sejam fins. Talvez, por isso, tudo pareça parar no tempo e não sair do lugar ou dar um passo pra frente e três pra trás.
É preciso que haja um pensar diferente sobre a política, em todos os níveis, seja municipal ou até em nível de país. É preciso que todos aqueles que se preocupem de fato com a evolução da sociedade reflitam e busquem propagar conscientização e esclarecimento sobre a necessidade de analisar os nomes com mais profundidade e sem afastar o sentido original da política. Observar as atitudes, refletir nas palavras e pensar no que, de fato, um político valoriza e prioriza na trajetória política.
Na atualidade, temos alguns novos líderes, principalmente em nível nacional, que estão se destacando em um fazer política de maneira coerente e alinhada com o fim coletivo. Conquanto em ritmo muito lento, estão surgindo alguns ícones nesse sentido, porém ainda é muito pouco. Infelizmente, de modo geral, a política como um fim em si mesma ainda predomina, fazendo com que muitos municípios persistam nos mesmos erros e prossigam tocando sempre a mesma nota do atraso e do caos nas funções que lhes cabem prestar.
Luciana G. Rugani
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