No meu artigo de hoje do Blog do Totonho, falo sobre a questão da intolerância religiosa e o uso da religião para ampliar domínios, além de apresentar um poema que fiz sobre o tema.
No dia 21 passado, foi comemorado o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, algo que, se considerarmos as tantas guerras que originou e ainda origina, já era para a humanidade ter compreendido a baita irracionalidade que representa o intolerar a crença alheia. Infelizmente, desde tempos remotos, a religião vem sendo utilizada como meio de dominação e imposição de poder. Povos dominadores, na ânsia de estender poder por mais e mais territórios, utilizam a religião como meio de sufocar e enfraquecer outros povos, e, assim, impor o seu domínio. E essa utilização da religião como dominação segue nos dias atuais, não somente em relação a dominação de territórios por Estados constituídos, mas também no âmbito do poder paralelo. Há, ainda, a intolerância semeada a partir de falsos líderes que utilizam a religião como meio de somar pessoas aos seus redutos políticos. Sim, a intolerância religiosa acaba tomando força quando a religião é pregada com fim político, por meio da deturpação dos verdadeiros princípios religiosos e afastando-se totalmente do amor e do respeito ao próximo pregado pelos grandes mestres. Não conheço nenhuma afirmação por parte de Buda, de Cristo, de Maomé, ou de outros mestres religiosos, sobre essa ou aquela religião ser o melhor caminho. Acredito que nenhum deles veio ensinar uma determinada religião, mas sim um modo de vida no qual prepondera o amor, o respeito e a busca pelo equilíbrio. Vieram mostrar um caminho, e os homens foram, no decorrer dos séculos, criando atalhos nesse caminho, principalmente em função do poder na dominação dos povos, e daí as divisões e as interpretações diferenciadas.
Imagino as religiões como raízes de uma arvore, e essas raízes unem-se a um só tronco que leva às alturas, ou seja, buscam religar o homem ao Criador. Penso que a religião é, para aquele que a cultua, o fio de ligação a Deus, a seiva que o alimenta, portanto é algo íntimo, pessoal, e que, por isso, com respeito deve ser tratado. E os que semeiam ideias de superioridade desse ou daquele entendimento, que fazem uso da religião para se promoverem politicamente ou que buscam, por meio dela, o domínio e o poder, seguem em sentido completamente oposto aos princípios basilares de todas as religiões. Se, com suas atitudes, semeiam a desunião, a incompreensão, a agressão ou o fanatismo, caminham totalmente ao contrário do eixo fundamental do Sagrado que há em cada ser e também ao contrário da essência original dos pensamentos religiosos.
Com base nesse meu entendimento sobre a questão, compus o poema "Intolerância Religiosa", que segue abaixo:
Intolerância Religiosa
Enjeitar,
Repudiar,
Apenas o que em mal resultar.
Aceitar,
Respeitar,
A fé à qual o outro optar.
Pode até não concordar
E outro caminho adotar
Porém idêntico é o religar.
Um íntimo conectar
À luz, retornar
Tendo a fé por guiar
A crença,
Pilar a sustentar.
A alma, a alimentar
Inaceitável intolerar
Luciana G. Rugani
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