Atualmente, com as redes sociais, tornou-se um pouco mais fácil observar com mais profundidade os acontecimentos políticos. Antes, tínhamos apenas a mídia escrita em jornais de papel, os telejornais das redes de TV e alguns programas de rádio. Hoje, temos também vários canais de notícias na internet, além dos "podcasts" e dos próprios perfis de políticos. A rede social propiciou ao cidadão tornar-se mais próximo do meio político por meio do acompanhamento dos fatos praticamente em tempo real. Claro que a raiz dos acontecimentos, aquelas ações nos bastidores que acabam dando origem às mais diversas situações, muitas vezes permanecem ocultas, porém já é possível conhecer muito mais a fundo o jogo político.
Em Belo Horizonte (MG), nos últimos tempos, tem havido uma verdadeira batalha política envolvendo as mais diversas forças e que, em questão de pouquíssimos dias, gerou verdadeiras reviravoltas no clima político.
De forma resumida, a situação é a seguinte: o atual presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte - CMBH, vereador Gabriel, foi eleito para a Mesa em 12/12/22, compondo o grupo político conhecido na cidade como "Família Aro", ligado a um ex-deputado federal e atual secretário do governo estadual. Na mesma chapa, foi eleito o vice-presidente da CMBH, o vereador Prof. Juliano Lopes. Gabriel e Juliano acordaram que Gabriel comandaria a Casa no primeiro ano do biênio 2023-2024, e Juliano seria o presidente em 2024. Ambos os vereadores sempre tiveram uma amistosa e muito boa convivência.
Entre as principais pautas que dominaram, e ainda dominam, a Casa, estão o contrato público de transporte coletivo e suas mazelas e a questão da limpeza da Lagoa da Pampulha. Após a finalização da Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI - sobre a Lagoa da Pampulha, a situação esquentou e houve um rompimento entre o grupo "Família Aro" e o vereador Gabriel. Debates acirrados e discussões calorosas acabaram findando em vários pedidos de cassação, inclusive em um pedido, de autoria da ex-presidenta da Casa e atual deputada federal, Nely Aquino, pleiteando a cassação do vereador Gabriel em razão de quebra do decoro parlamentar. Ou seja, presidente e vice-presidente atuais, rompidos politicamente e um pedido de cassação do presidente atual, fato que antes nunca havia acontecido na história da CMBH.
No início dessa semana, após duas longas sessões, deliberou-se pela abertura do processo de cassação. Vale dizer que, para os que conhecem pouco os trâmites legislativos, longas sessões, com procedimentos pouco usuais nas sessões comuns, constituindo o que se chama de "obstrução de pauta", é algo normal, regimental e muito comum nas casas legislativas, com o objetivo de adiar, esticar o processo decisório em apreciação. E, claro, aqueles para os quais a obstrução da pauta favorece, farão uso dela, enquanto que aqueles para os quais a obstrução impede, ou atrasa, uma decisão esperada, serão contra o seu uso. E isso irá variar conforme o que estiver em pauta! Não há que se falar em contradição, ou em dissimulação. Simplesmente é parte do processo político! Faz parte da política! Desde que seja por meios regimentais, seguindo o que determina o regimento da Casa, é perfeitamente natural que aconteça.
Durante o prazo de até 90 dias, a Comissão Processante, estabelecida em sorteio no plenário, conduzirá o processo até a elaboração do relatório final e sua votação em plenário.
Essa história contém muitos fatos, porém preferi relatar de maneira bem resumida, principalmente para dizer que, observando esses fatos, aprendemos muito sobre o jogo político! Há razões das mais diversas para acontecer o que está acontecendo, com certeza há fatos de bastidores que não conhecemos, porém uma coisa é certa: em política, há sempre muitos interesses envolvidos e tudo o que se decide, ou todas as ações que se executa, irão sempre gerar satisfeitos e insatisfeitos, resignados e rebeldes. As forças vão se articulando, inclusive em relação ao Poder Executivo, além de haver também interesses eleitorais futuros de uns e outros. Tudo isso, junto e misturado, acaba gerando conflitos e fazendo a situação chegar ao ponto em que chegou. Também são normais, na política, essas reorganizações de forças, isso é intrínseco ao jogo político, funciona assim em todo e qualquer lugar.
Espero que esse tempo de conflitos passe e que tudo se reorganize da melhor maneira, com foco nas necessidades do Município. Até porque, o presidente e o vice-presidente são vereadores incisivos em seus respectivos campos políticos. Cada um, com seu estilo próprio, demostra ter bastante foco em suas ações. Ambos constituem importantes forças que, se direcionadas rumo à melhoria da cidade, à compreensão das diversidades e ao livre debate democrático, poderão agregar muito ao Município.
Que tudo se resolva em paz, é o que desejo.
Luciana G. Rugani
Oi Luciana, boa tarde , fiquei muito contente em ler seu artigo e peço que continue fazendo isso .Sinceramente assim como eu , deve haver muitas pessoas que não sabem nada sobre o que acontece na política de BH,principalmente na Prefeitura e na Câmara. Parabéns.
ResponderExcluirOk, muito obrigada por seu comentário!!
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