Quinta-feira (24), aconteceu a 14ª edição do Sarau 15 Minutos, o projeto que idealizei para, de vez em quando, bater um papo artístico-cultural e, ao mesmo tempo, divulgar nomes e trabalhos que agregam positivamente à nossa sociedade.
Para essa 14ª edição, convidei novamente nosso querido confrade da Academia de Letras e Artes de Cabo Frio - ALACAF, prof. Isac Machado de Moura, e o tema foi a vida da escritora mineira "Carolina Maria de Jesus", que viveu de 14/3/14 a 13/2/77.
Abaixo segue o poema que eu trouxe para esta edição, de autoria da escritora, e o vídeo do sarau. Clique para assistir:
Diz o brasileiro
Que acabou a escravidão
Mas o colono sua o ano Inteiro
E nunca tem um tostão
Se o colono está doente
É preciso trabalhar
Luta o pobre no Sol quente
E nada tem para guardar
Cinco da madrugada
Toca o fiscal a corneta
Despertando o camarada
Para colheita
Chega à roça ao Sol nascer
Cada um na sua linha
Suando para comer
Só feijão com farinha
Nunca pode melhorar
Esta negra situação
Carne não pode comprar
Para não dever ao patrão
Fazendeiro ao fim do mês
Dá um vale de cem mil réis
Artigo que custa seis
Vende ao colono por dez
Colono não tem futuro
E trabalha todo dia
O pobre não tem seguro
E nem aposentadoria
Ele perde a mocidade
A vida inteira no mato
E não tem sociedade
Onde está o seu sindicato
Ele passa o ano inteiro
Trabalhando. Que grandeza.
Enriquece o fazendeiro
E termina na pobreza
Se o fazendeiro falar
Não fique na minha fazenda
Colono tem que mudar
pois não há quem o defenda
O colono quer estudar
Admira a sapiência do patrão
Mas é um escravo, tem que estacionar
não pode dar margem à vocação
Trabalha o ano inteiro
E no Natal não tem abono
Percebi que o fazendeiro
Não dá valor ao colono.
Carolina Maria de Jesus
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