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REVISTA DIGITAL ALDEIA MAGAZINE - COLUNA CANTINHO DAS IDEIAS: LIBERDADE

Saiu a edição 42, mês de maio, da Revista Digital Aldeia Magazine, com minha coluna "Cantinho das Ideias", na página 118.
Nesta edição, falou um pouco sobre "Liberdade", um conceito que, atualmente, tem sido bastante discutido. Além disso. apresento um poema que fiz para a ocasião:


Liberdade

Fala-se tanto em liberdade, mas percebemos que o conceito também não escapou à onda de banalização que tem ocorrido com os mais diversos termos.
A palavra "liberdade" deriva do latim "liber", que significa "livre". Há uma teoria de que, em tempos remotos, "liber" teria sido usado para designar aquele que não é escravizado.
Trazendo o conceito para o tempo atual, temos que "liberdade" significa o poder de um membro da sociedade para exercer sua vontade, dentro dos limites legais. Além disso, no sentido religioso, a palavra está ligada ao conceito de livre-arbítrio, que vincula a liberdade à permissão de realizar escolhas e arcar com suas consequências.
Percebemos, portanto, que, desde os tempos remotos, o conceito de "liberdade" encontra-se estreitamente ligado ao discernimento. Alguém, ou algum povo, que não seja escravizado é aquele que toma suas próprias decisões e dirige seu próprio caminhar. Quanto maior o discernimento e a lucidez do pensar, quanto mais consciente um ser, ou um povo, maior sua capacidade de realizar escolhas, maior a sua responsabilidade e, portanto, maior a sua liberdade. Quanto mais avançada a consciência de si mesmo e do mundo que lhe cerca, maior será a noção de suas capacidades, dos seus direitos e deveres e da responsabilidade que deve ter para com o ambiente em que vive, pois esse ser, ou esse povo, saberá perceber muito bem a interdependência que gere qualquer meio em que estiver inserido. Perceberá que, em uma sociedade, só obterá paz e respeito se cultivá-los ao seu redor; perceberá que suas ações interferem no outro, assim como as dos outros interferem em si mesmo.
Trazendo essa reflexão para os dias atuais, vemos que a nossa Constituição Federal consagrou, em seu art. 5º, a liberdade como um dos direitos fundamentais do cidadão brasileiro. O mesmo texto constitucional que estabelece uma sociedade plurarista, sem preconceitos e fundada na harmonia social. Importante destacar que as determinações constitucionais valem para todas as relações, sejam elas físicas ou virtuais.
Temos, então, os direitos fundamentais como direitos de seres inseridos em uma sociedade que possui uma organização e que, para efetivar essa organização, foram estabelecidos direitos e deveres de uns para com outros, normas de conduta e leis a serem cumpridas. Em uma sociedade organizada, a liberdade existe dentro do respeito ao outro, o conceito está intrinsicamente ligado à noção de responsabilidade, portanto não deve haver liberdade para ofender alguém, para oprimir, para manipular com mentiras e enganar. E digo que também não deve haver liberdade para sufocar, para oprimir de qualquer maneira, inclusive economicamente. A economia de uma sociedade deve impulsionar o desenvolvimento de cada indivíduo, ter foco na promoção social, tornando possível, a qualquer cidadão, o exercício pleno de suas potencialidades. A opressão anula a liberdade do oprimido e cria um ciclo de problemas sociais e condições nocivas que acabam por atingir também o opressor, embora ele, muitas vezes, não perceba.
A liberdade, como qualquer conceito, precisa ter sua significância compreendida em profundidade e não de maneira rasa e superficial. Temos liberdade para agir e para expressar nossos pensamentos, porém somos seres que vivem em coletividade e, portanto, nossas ações e nosso pensar precisam estar alinhados com as normas de conduta estabelecidas na sociedade. Só assim, com real consciência da presença do outro em nossas vidas e da necessidade de respeitá-lo da mesma maneira que almejamos para nós, seja no meio físico ou virtual, é que seremos seres verdadeiramente livres e devidamente respeitados.

Liberdade

Não sou livre,
se me domina a ganância.
Não sou livre,
se me possui a ânsia de domínio.
Não sou livre,
se me submeto ao egoísmo.
Não sou livre,
se me toma a maldade.

Sou livre,
quando não me prendo à volatilidade da matéria.
Sou livre,
quando almejo parceiro ao invés de domínio.
Sou livre,
quando vejo o outro como extensão de mim mesma.

Liberdade pressupõe
responsabilidade,
respeitabilidade,
civilidade.

Liberdade
é não se dobrar, o caráter,
à sua debilidade.

Luciana G. Rugani

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