Hoje aconteceu a 10ª edição do Sarau 15 Minutos e nosso convidado foi o professor Isac Machado de Moura, que falou sobre o poeta Pablo Neruda.
Neruda foi um grande poeta chileno que viveu de 1904 a 1973, vencedor do prêmio nobel de Literatura no ano de 1971.
Há poucos dias, saiu a notícia de que exames teriam revelado que a morte de Pablo Neruda não teria se dado em decorrência do câncer de próstata de que sofria, mas sim em função de que o poeta teria sido envenenado. Neruda, além de poeta, era um líder de esquerda, ativista em busca de um mundo de relações sociais e econômicas mais justas. Era um poeta que utilizava a poesia também como meio de expressão política. Por tudo isso, incomodou os governos autoritários de direita em seu país, tendo, inclusive, que passar por um período de exílio de seu país.
Abaixo segue vídeo com a entrevista e poemas de Pablo Neruda:
Pablo Neruda, além de ser conhecido por seus poemas de amor, era também um poeta bastante comprometido com os problemas do mundo, declarando-se comunista.
Neste poema, o escritor une o motivo sócio-político e o amor em um só texto. Relata sua busca pela transformação social e o desejo de que sua amada siga com ele pelos caminhos dessa busca e lhe dê o aconchego necessário nessa dura trajetória:
O monte e o rio
Na minha pátria há um monte.
Na minha pátria há um rio.
Vem comigo.
A noite, ao monte sobe.
A fome desce ao rio.
Vem comigo.
Quem são os que sofrem?
Não sei, mas são meus.
Vem comigo.
Não sei, mas me chamam
e me dizem: “Sofremos”
Vem comigo
E me dizem:
“Teu povo,
teu povo abandonado
entre o monte e o rio,
com fome e com dores,
não quer lutar sozinho,
está esperando-te, amigo.”
Ó tu, a quem amo,
pequena,
grão vermelho de trigo,
será dura a luta,
a vida será dura,
mas tu virás comigo.
E, a seguir, um poema apenas romântico:
Quero que saibas
uma coisa.
Sabes como é:
se olho
a lua de cristal, o ramo vermelho
do lento outono à minha janela,
se toco
junto do lume
a impalpável cinza
ou o enrugado corpo da lenha,
tudo me leva para ti,
como se tudo o que existe,
aromas, luz, metais,
fossem pequenos barcos que navegam
até às tuas ilhas que me esperam.
Mas agora,
se pouco a pouco me deixas de amar
deixarei de te amar pouco a pouco.
Se de súbito
me esqueceres
não me procures,
porque já te terei esquecido.
Se julgas que é vasto e louco
o vento de bandeiras
que passa pela minha vida
e te resolves
a deixar-me na margem
do coração em que tenho raízes,
pensa
que nesse dia,
a essa hora
levantarei os braços
e as minhas raízes sairão
em busca de outra terra.
Porém
se todos os dias,
a toda a hora,
te sentes destinada a mim
com doçura implacável,
se todos os dias uma flor
te sobe aos lábios à minha procura,
ai meu amor, ai minha amada,
em mim todo esse fogo se repete,
em mim nada se apaga nem se esquece,
o meu amor alimenta-se do teu amor,
e enquanto viveres estará nos teus braços
sem sair dos meus.
Pablo Neruda, in “Poemas de Amor de Pablo Neruda”
Artigo postado por Luciana G. Rugani
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