Neste ano, resolvi fazer minha tradicional mensagem de natal em uma edição especial do meu projeto "Sarau 15 Minutos". O convidado dessa vez foi o nosso muito querido escritor e confrade na ALACAF e ALSPA, Hairon Herbert de Freitas.
E, com grande alegria, em meio ao clima de mais leveza e normalidade que se anuncia novamente em nossa sociedade, compartilho com vocês a nossa mensagem e nossos mais sinceros votos de um feliz natal, boas festas e um próspero ano novo para todos vocês!
Clique no vídeo abaixo para assistir:
Racionalizando o Amor
O amor é o amor, a própria palavra criou a entoação mântrica de grande poder e ele vem se revelando em nossa convivência e no desejo do melhor para o outro.
O amor é a garantia de que seremos amanhã melhores que hoje.
Ele se dá sem exigência e sem garantia, pois ele é o verdadeiro poder que garante o envolvimento.
Ele não reage, mas age modificando o quadro.
Ele não é passivo, mas atuante e presente.
Ele não reclama, mas proporciona o intercâmbio de forma ativa e mútua.
Ele não está ali ou acolá, mas está dentro de nós, em nossa proposta de vida, em nossa vontade de tornarmo-nos melhores a cada instante.
Não existem tipos de amor, ele é do jeito que é, simplesmente amor, em intensidades diversas.
O amor é a força de viver, sem medos ou recalques.
O amor é ser livre, é ser liberto de toda trama.
O amor somos nós, que procuramos vivê-lo e compreendê-lo.
Poema Se
Se, ao final desta existência,
Alguma ansiedade me restar
E conseguir me perturbar;
Se eu me debater aflito
No conflito, na discórdia…
Se ainda ocultar verdades
Para ocultar-me,
Para ofuscar-me com fantasias por mim criadas…
Se restar abatimento e revolta
Pelo que não consegui
Possuir, fazer, dizer e mesmo ser…
Se eu retiver um pouco mais
Do pouco que é necessário
E persistir indiferente ao grande pranto do mundo…
Se algum ressentimento,
Algum ferimento
Impedir-me do imenso alívio
Que é o irrestritamente perdoar,
E, mais ainda,
Se ainda não souber sinceramente orar
Por quem me agrediu e injustiçou…
Se continuar a mediocremente
Denunciar o cisco no olho do outro
Sem conseguir vencer a treva e a trave
Em meu próprio…
Se seguir protestando
Reclamando, contestando,
Exigindo que o mundo mude
Sem qualquer esforço para mudar eu…
Se, indigente da incondicional alegria interior,
Em queixas, ais e lamúrias,
Persistir e buscar consolo, conforto, simpatia
Para a minha ainda imperiosa angústia…
Se, ainda incapaz
para a beatitude das almas santas,
precisar dos prazeres medíocres que o mundo vende…
Se insistir ainda que o mundo silencie
Para que possa embeber-me de silêncio,
Sem saber realizá-lo em mim…
Se minha fortaleza e segurança
São ainda construídas com os materiais
Grosseiros e frágeis
Que o mundo empresta,
E eu neles ainda acredito…
Se, imprudente e cegamente,
Continuar desejando
Adquirir,
Multiplicar,
E reter
Valores, coisas, pessoas, posições, ideologias,
Na ânsia de ser feliz…
Se, ainda presa do grande embuste,
Insistir e persistir iludido
Com a importância que me dou…
Se, ao fim de meus dias,
Continuar
Sem escutar, sem entender, sem atender,
Sem realizar o Cristo, que,
Dentro de mim,
Eu Sou,
Terei me perdido na multidão abortada
Dos perdulários dos divinos talentos,
Os talentos que a Vida
A todos confia,
E serei um fraco a mais,
Um traidor da própria vida,
Da Vida que investe em mim,
Que de mim espera
E que se vê frustrada
Diante de meu fim.
Se tudo isto acontecer
Terei parasitado a Vida
E inutilmente ocupado
O tempo
E o espaço
De Deus.
Terei meramente sido vencido
Pelo fim,
Sem ter atingido a Meta.
Professor Hermógenes
(poema conferido no Instituto Hermógenes) – Nossa homenagem a esse grande mestre.
Luciana G. Rugani
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