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PRÊMIO TEIXEIRA E SOUSA DE LITERATURA - CERTIFICADO E ANTOLOGIA

Quinta-feira (15) aconteceu a cerimônia de premiação do "Prêmio Teixeira e Sousa de Literatura", no Charitas, em Cabo Frio (RJ).
Fiquei feliz por ter ficado em 9º lugar e por meu poema ter sido classificado para constar na antologia lançada na ocasião. Infelizmente, por questões de trabalho, não pude comparecer à cerimônia, mas enviei uma pessoa muito querida e especial de nossa literatura como minha representante. Agradeço muito à escritora flor-literária, Jaqueline Brum, por me representar e receber por mim a antologia e o certificado.
Sinto-me muito honrada por este certificado, não somente por ter sido o primeiro concurso literário oficial do qual participei, mas, principalmente, porque o concurso faz parte do principal evento anual da literatura de nossa cidade: a Semana Teixeira e Sousa, que, neste ano de 2022, esteve em sua 31ª edição.
Abaixo segue o certificado, a antologia e o poema com o qual participei.
Total Gratidão e Alegria!

De Teixeira a Elza

CORNÉLIA,
Em insondáveis pensamentos,
Absorvia, encantada,
Suave melodia de CÂNTICOS LÍRICOS
Da casa da esquina entoada.
Livros ali nasciam,
Histórias e romances surgiam.
Naquela noite, porém,
A música permitiam.

Teixeira e Sousa,
Escritor mulato cabo-friense,
Ali suas obras criava.
Em seus romances e tragédias,
Curava as dores sofridas:
O preconceito,
A pobreza.
Igualdade e amor,
Em suas obras, eternizava.

Com Teixeira e Sousa,
Da janela, Cornélia sonhava...
Sonhava com ele aprender a ler,
E a escrever.
Sonhava viver OS TRÊS DIAS DE UM NOIVADO
Com O FILHO DO PESCADOR.
AS TARDES DE UM PINTOR,
Por mais belas fossem,
Eram incapazes de reluzir
Uma só porção de seu amor.

Cornélia era negra,
Desnutrida,
De vida sofrida,
Escrava.
“Quiçá um dia!”
Sonhava.
Queria ser livre,
Como um pássaro a voar.
Trabalhar
Não deveria ser humilhar.
Seu choro e seu riso,
Deveriam respeitar.

Assim viveu Cornélia,
Em compasso e descompasso.
Uma vida pendular,
Com muitos sonhos a sonhar
E muita dor a cultivar.

No PLANETA FOME,
Cem anos a correr.
Nasceu ELZA NEGRA, NEGRA ELZA!
A mesma dor
O mesmo sofrer.

Elza era livre,
Prisioneira, porém,
Do mesmo sofrer
Que à Cornélia fez chorar:
O preconceito a verter
Dos olhos daqueles
Que a ela punham-se a mirar.

Elza também tinha sonhos a sonhar,
E amor a amar.
À vida, ELZA PEDE PASSAGEM,
NOS BRAÇOS DO SAMBA,
Deixa-se levar.

SANGUE, SUOR E RAÇA,
Toda sua vida abraça.
NA RODA DO SAMBA,
Seu nome ficou.
“SOMOS TODOS IGUAIS”,
A sua arte gritou.

Persistir, não desistir,
LIÇÃO DE VIDA.
SENHORA DA TERRA,
VOLTEI!
Sou A MULHER DO FIM DO MUNDO!
Do mundo invisível,
Mundo de fome,
Mundo de dor,
De preconceito.
PILÃO + RAÇA = ELZA
Mas VIVO FELIZ,
Minha TRAJETÓRIA é guerreira!
Sou carne, sou alma,
Sou estrela!
Sou ser que vive,
Que ama,
Que sonha.
Sou
Assim como você!

Teixeira e Elza,
Eternos na arte que liberta!
Passado e presente
Entrelaçados no tempo.
Tempo esse que não teve tempo
De curar a dor
Para tantas outras Elzas
E tantos outros Teixeiras.

Para esses tantos,
Passa-se ano a ano
E persiste o sofrer,
O preconceito insano
E a fome,
Que lhes faz doer.

(os trechos em “caixa alta” correspondem a títulos de obras do escritor Teixeira e Sousa e a títulos de álbuns gravados por Elza Soares)

Luciana G. Rugani

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