Neste 7 de setembro de 2022, comemoramos 200 anos da Independência do Brasil.
O processo de independência do país se constituiu de uma sequência de momentos e atos importantes que culminaram na oficialização do Brasil como um país independente. Há um fato relevante que, por muitos anos, não teve o merecido destaque: a participação de D. Leopoldina, esposa de D. Pedro I. Foi D. Leopoldina que convocou e presidiu o conselho de Estado que decidiu favoravelmente à decretação da independência. D. Pedro I estava em São Paulo, às margens do Rio Ipiranga, quando recebeu o mensageiro com a recomendação do conselho para que decretasse a independência do Brasil. E assim foi feito. Podemos dizer que nossa independência teve a origem de seu ato culminante na atitude de uma mulher! Considero esse fato muito significativo, pois, naquela época, não era comum que mulheres fossem ouvidas e tomassem decisões públicas dessa maneira. Vejo como um chamamento para lembrar, a todas as mulheres, da importância de atuar, participar dos debates, de conscientizar-se e ajudar a conscientizar tantas outras e tantos outros que ainda seguem na sombra da ignorância.
Sobre a independência do Brasil, penso que o 7 de setembro foi um marco. O país tornava-se independente, porém essa independência, em significado mais amplo e profundo, segue ainda por ser conquistada. Tivemos períodos de avanço, porém nos últimos anos houve muito retrocesso. Vejo o Brasil como uma nação independente, porém com grande parte de sua população ainda manipulada, dirigida, controlada por certo grupo que costuma ditar as diretrizes de seus governos. Um país que deixou de ser colônia, conquistou algumas empresas próprias propulsoras do desenvolvimento, e hoje vemos muitas delas entregues de bandeja para a iniciativa privada, vemos áreas estratégicas, como os setores petrolífero, de mineração e energia sendo desmoronados. Hoje o Brasil é um país autossuficiente em petróleo e, ao mesmo tempo, importa petróleo!
Enfim, penso que precisamos comemorar sim, mas comemorar com consciência do quanto perdemos e do quanto precisamos avançar; de que um país verdadeiramente independente se faz com cidadãos conscientes, participativos, conhecedores das dificuldades que afligem a toda a população, conhecedores da história que nos revela como agiam e como até hoje agem os que pretendem seguir dirigindo a nação como uma máquina a favor de seus próprios interesses. Até de nossos símbolos nacionais os usurpadores querem se apropriar! A bandeira nacional é de toda a população, é desse povo que tanto luta, mas que ainda é tão explorado, tendo seus direitos subtraídos a rodo a cada reforma que este governo envia para o Congresso Nacional. A cor verde e amarela não deve ser tida como indicadora de uma pequena parcela da sociedade que despreza as pautas sociais, porém vive ao redor da máquina pública tecendo suas artimanhas para garantir seus lucros estupendos, ainda que isso custe a dor da grande maioria.
Que possamos comemorar esta data com lucidez, percebendo a importância de termos um governo que priorize um desenvolvimento que caminhe junto com as pautas sociais, pois o dever de um governo é promover o bem estar social e trabalhar para obter o maior equilíbrio na balança das desigualdades econômicas. E ainda, percebendo a importância de termos as casas legislativas também alinhadas com o pensamento progressista, pois o governo de um país se faz com a harmonia de todos os poderes. É preciso que os legislativos tenham a maioria de seus membros alinhada com o compromisso social e com a visão do progresso em equilíbrio com as pautas sociais. Só assim teremos um país verdadeiramente independente, com um governo efetivamente atuando para a coletividade.
Luciana G. Rugani
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