Saiu hoje a edição 34, mês de agosto, da Revista Digital Aldeia Magazine, com minha coluna "Cantinho das Ideias", na página 140.
Nesta edição, busco contribuir um pouco com a conscientização eleitoral, considerando a proximidade das eleições:
Caros leitores, Estamos a pouco mais de trinta dias para a realização das eleições no país. E, tendo em vista a relevância do momento, e, independente de preferências partidárias, considero importante contribuir para a conscientização eleitoral através de pequenos alertas. E, para isso, é válido que pontuemos fatos aparentemente óbvios, porém muitas vezes o óbvio costuma ser desconsiderado e é o que mais precisa ser dito e repetido. Sendo assim, entre eles citaremos:
1) utilização de valores nobres, porém pessoais, como meio de "sedução" do eleitor: uma estratégia muito utilizada pelos candidatos políticos. É preciso ter os olhos abertos para essa artimanha que busca atingir o emocional do eleitor quando, por exemplo, o candidato serve-se de muitos elogios para conquistar apoios ou utiliza valores como família, religião e moral, querendo parecer uma pessoa exemplar. O eleitor precisa ter em mente que esses valores nada têm a ver com a atuação política na vida pública. Mostrar-se um defensor da família nada deve significar em termos de requisito para ser considerado um bom político, pois uma boa pessoa não significa um bom político. Até porque, se for para falar em família, em meio à vida pública, o político deveria pensá-la como "família universal", ou seja, preocupar-se com o bem dos cidadãos como se eles representassem uma grande família à qual ele deve servir, dentro de suas atribuições. A família do candidato e sua visão sobre questões familiares, morais e religiosas são questões de âmbito pessoal, e, misturá-las com a administração pública é o caminho para favorecimentos pessoais, preferências, nepotismo, etc. Essa ideia de passar ao eleitor uma boa imagem pessoal do candidato é apenas um meio de tentar "pescar" votos emocionalmente e, principalmente, de desviar de temas mais complexos e, esses sim, pertinentes à administração pública.
2) realização de campanhas eleitorais vazias apenas como cumprimento de requisitos eleitorais para obtenção de recursos financeiros: foi aprovado, para estas eleições, um fundo eleitoral cujo valor é quase o triplo do que foi utilizado no pleito de 2018 e mais do que o dobro do montante de 2020. São 4,9 bilhões de Reais! É muito dinheiro que, infelizmente, sabemos que, para muitos candidatos, grande parte desse montante não irá para campanhas e será utilizada para outros fins. Não me refiro aqui às candidaturas "laranjas", com pouquíssimos votos. Claro que isso também deve ser fiscalizado, mas refiro-me às candidaturas formalmente regulares, e, até com certo potencial de voto, porém com nenhuma proposta, nenhum projeto, praticamente sem conteúdo e pouco ativa. São campanhas mais pró-forma que reais, em que notas fiscais de produtos e serviços são superfaturadas, ou são negociadas com empresas "amigas" do candidato ou pertencentes aos famosos "laranjas", com objetivo apenas de fraudar o uso do fundo eleitoral e utilizar os recursos para seu benefício particular. O eleitor precisa estar atento, acompanhar e analisar, de forma crítica, as ações de campanha e o conteúdo de sites e das redes sociais de seus candidatos; comparar tais ações com as ações de campanha de candidatos atuantes; buscar nos sites das instituições responsáveis as publicações de valores e prestações de conta, enfim, ter um olhar mais crítico e pesquisador, sabendo que campanhas pró-forma são mais comuns do que raras.
3) ter ciência de que escolher um candidato para as casas legislativas é muito diferente de escolher um candidato para cargos do Poder Executivo: precisamos lembrar que as funções do Legislativo são muito diferentes das funções do Executivo. Para o Legislativo, não importa muito, por exemplo, se o candidato foi um bom administrador quando no Executivo. Com certeza, esse é um ponto importante, mas não muito útil para o exercício do cargo no Legislativo. No Legislativo, é muito mais importante conhecer a linha ideológica e político-partidária do candidato; analisar quais as causas que ele, caso eleito, representaria, quais seriam seus posicionamentos para decidir por questões importantes relacionadas às diretrizes da administração pública; observar a quais grupos sociais ele se ligaria, em resumo, qual seria o perfil ideológico-político do candidato. Ele seria de um perfil mais progressista, mais propenso a defender um desenvolvimento social e humano da sociedade como um todo, com destaque para a função básica do Estado de garantir os direitos fundamentais? Ou teria um perfil de defesa apenas de uma ou outra classe social? E o seu partido, seria um partido mais fiel aos princípios ético-partidários ou um partido mais condicionado às circunstâncias do momento? É muito importante conhecer o perfil do partido, pois o candidato, quando no cargo, frequentemente segue a linha determinada pelas decisões e acordos partidários.
Por fim, considerando que a Política é a ciência de conciliar as divergências, e considerando que vivemos em uma sociedade multifacetada, é muito importante que sejam escolhidos, para quaisquer cargos políticos, candidatos que demonstrem ter maior habilidade para conciliar e unir. Irei finalizar por aqui, mas são muitos os aspectos que devem ser analisados. Vale a pena refletir e lembrar que a omissão ou a participação visando interesses particulares podem até trazer mais comodidade, porém, subjugar seu posicionamento, sua postura social e política a esses interesses significa apequenar demais um universo tão amplo. É como tratar a raiz de uma árvore como se fosse apenas uma folha a mais.
Participemos, nos posicionemos, lembrando, antes de tudo, do nosso compromisso social por sermos membro de uma coletividade e por sermos cidadãos!
Luciana G. Rugani
Acadêmica da Academia de Letras e Artes de Cabo Frio - ALACAF
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