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REVISTA DIGITAL ALDEIA MAGAZINE: REFLEXÃO E POEMA SOBRE O MEIO AMBIENTE

Saiu hoje a edição 30, mês de abril, da Revista Digital Aldeia Magazine, com minha coluna "Cantinho das Ideias", na página 98.
Nesta edição, falo sobre a natureza e sobre como tudo está interligado em nosso planeta e também sobre uma triste e grave questão ambiental: a destruição causada pela mineração no estado de Minas Gerais:

A triste sina das serras de Minas

Vivemos no Planeta Terra, cada qual em seu país, em seu estado e em sua cidade. Parece algo segmentado, regionalizado, mas, quando adquirimos uma consciência mais profunda de nossa vida e da vida de nosso planeta, passamos a entender que estamos todos interligados. Interligados por tendências, por hábitos, por ideias e por ações que se multiplicam e proliferam.
Em relação ao meio ambiente, podemos exemplificar isso de forma mais inteligível. A exploração da natureza feita sem critérios, em certo local, acabará interferindo, de alguma maneira, em outro local distante, pois os fenômenos naturais são consequências de ciclos da natureza. Tudo está interligado. E, se um dano constante à natureza não produz resultados em curto prazo e nem de forma aparente, é certo que, no futuro, será sentida a consequência de sua ação. A destruição de nascentes, em uma pequena localidade, poderá, no futuro, prejudicar famílias que moram quilômetros e quilômetros distantes, até em outro estado, pois rios poderão morrer.
Faço esse alerta aos leitores, principalmente àqueles que têm consciência de que aqui na Terra somos breves hospedeiros, e que cabe a nós cuidar de todo esse patrimônio natural que nos garante a vida. Precisamos abrir nossos horizontes e ter um olhar mais holístico sobre o ambiente natural, compreendendo que, metaforicamente, na natureza é como se uma árvore que tomba no norte gerasse um dano no sul, pois, de alguma maneira, a destruição efetuada em um ponto repercutirá no todo.
Sábado passado (30), na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), o Conselho Estadual de Política Ambiental aprovou, na calada da madrugada, a mineração em uma parte de mata atlântica nativa da Serra do Curral. Uma triste decisão que, mais uma vez, nos revela o prejuízo de um poder público em conluio com interesses privados. Alguns membros do conselho, que votaram a favor dessa destruição ambiental, são membros do governo estadual.
A mineração é uma atividade altamente predatória e que já causou, no estado de Minas, catástrofes que fizeram chegar lama tóxica até o oceano, tamanha a potência dessa atividade. E, mesmo com todo o histórico de destruição, mesmo com a poluição que avança, prejudicando o sistema respiratório da população, a atividade ganhou vulto e avançou demais nos últimos três anos. A decisão ocorrida nesse sábado é mais um episódio do qual lembraremos lá na frente, quando o problema de abastecimento de água, que já começa a se manifestar, tornar-se rotina. A falta d'água será apenas uma das consequências. E, além disso, quando se fortalece, em certa localidade, a tendência de exploração a todo custo, de lucro à custa de exploração predatória, essa mentalidade, já predominante no país, acaba alimentando-se ainda mais e isso se espalha como uma nuvem nociva pelo país e pelo planeta. É como se rendesse frutos podres, aqui e ali, incentivando e atiçando uma maneira gananciosa de pensar a vida e a natureza.
Em agosto de 2020, fiz um poema intitulado "E a serra virou lama", que busca retratar o olhar ganancioso do homem sobre a serra e seus tristes efeitos. Compartilho com vocês:

E a serra virou lama

Antes era apenas uma serra...
Ao raiar do sol,
Montanhas brilhavam felizes.
Tranquilas, poderosas,
Acolhiam animais e plantas
Em doce e perene abraço.
Chegou o homem
E, aos pés da serra,
Construções,
Casas,
Cidades.
E assim corriam os anos...
Mas o homem pacato,
Que ao pé da serra vivia,
Viu chegar o homem dos cifrões,
Este,
Na cidadezinha hospedou-se com desdém
"Que vida é essa, que povo!"
Olhou pela janela,
E viu a serra.
Poderosa,
Protetora,
Sorrindo bela para a natureza que acolhia.
Brilharam os olhos cobiçosos,
Em pouco tempo, a serra chorava...
Não mais o brilho alegre,
Mas o choro sofrido,
De quem tem de si extraído seu eu mais profundo.
O homem dos cifrões
Com tanto lucro,
Extasiava,
Extraía,
Feria,
Até à exaustão.
Antes era apenas uma serra...
Hoje,
Deserto de lama.
A cidadezinha,
Os rios,
Morte.
Não mais montanhas felizes,
Protetoras,
Reluzindo ao sol.
Não mais animais e plantas
Em doce abraço acolhidos.
A antes poderosa serra,
Altiva,
Forte,
Abrigando montanhas felizes.
Hoje, apenas um nada
Um resto,
Conjunto inerte de lama.

Luciana G. Rugani

Comentários

  1. Espero que haja recurso, para afastar esta triste sina que afeta nosso planeta

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