Uma conspiração de estúpidos Se trocarmos políticos corruptos por idiotas, teremos razões para festejar? por João Pereira Coutinho Escritor, doutor em ciência política pela Universidade Católica Portuguesa. Contra a estupidez, até os deuses lutam em vão. Assim falava Schiller. E assim falo eu, que dedico há anos uma atenção obsessiva ao assunto. Há gente que gosta de olhar para pássaros. Eu gosto de olhar para estúpidos, motivo por que me dediquei ao comentário político em solo luso. Atenção. Não falo da estupidez pontual, acidental, pessoal. Não atiro a primeira pedra: os meus atos de estupidez, que são vários e continuarão a ser vários, fazem parte da minha imperfeição. Eu falo da estupidez consistente, estrutural, constitucional. Falo de uma estupidez que não é possível apagar, corrigir, civilizar. E que jamais pode ser confundida com a mera ignorância. A ignorância tem cura. A estupidez, não. Mas o que é a estupidez? De onde vem? Como podemos neutralizá-la, se é que podemos?