"Aquele que tem olhos de ver, veja" - Jesus
Lembrei dessa frase quando li a matéria sobre o sr. Gabriel Joaquim dos Santos, o autor da casa da flor, em São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, estado do Rio de Janeiro.
Seu Gabriel, como era conhecido, ou "Tio Bié", como era chamado carinhosamente pelos familiares, certamente era uma alma nobre, sensível, poeta, conhecedor de valores preciosos cultivados na simplicidade do ser. Uma pessoa que enxergava além de aparências e questões práticas. Era um sonhador que, apesar de tantas dificuldades enfrentadas no dia a dia e de certamente ter vivido conflitos em uma sociedade individualista, preconceituosa e egoísta, como em geral é a sociedade humana, ele não perdeu a fé de que no futuro prevaleceria a sensibilidade, a valorização da arte, da criatividade, o senso de preservação e cuidado. Foi com essa certeza que ele passou a vida toda construindo sua obra de arte, materializando seu sonho. E aconteceu!
Hoje por sua casa já passaram estudiosos, poetas, escritores, celebridades ou não, pessoas sensíveis e que, assim como Seu Gabriel, têm olhos de ver, sabem enxergar valores além do mero conteúdo da matéria física.
Minha amiga Ana dos Santos Barbosa é sua sobrinha. Ela conta que, quando criança, ia visitá-lo e sempre achava que ele parecia meio maluco. Até que um dia, em conversa com ele e sua avó, que era cunhada dele, ela perguntou: "Tio Bié, por que o senhor gosta deste monte de coisas do lixo?". E ele respondeu: "não é lixo, são coisas que aproveito para que, um dia, o mundo não fique tão sujo". Ela então começou a catar tudo quanto era caquinho que encontrava nas ruas e até quebrava xícaras da sua mãe para levar para ele. Ana conta que, em relação aos animais, Seu Gabriel dizia que "um dia ainda seriam mais amigos que as pessoas". Por isso, quando morreu seu cachorrinho, ele sepultou. Quando a galinha que tinha morreu de velhice, ele também a sepultou. Eram bichos de estimação dele. "Parece que há 49 anos atrás ele já sabia que hoje estaríamos vivenciando problemas na natureza por causa do lixo. Tenho muitas histórias para contar, um dia conto", finalizou Ana.
Abaixo seguem dois vídeos e informações sobre Seu Gabriel, obtidas na internet:
Seu Gabriel, como era conhecido, ou "Tio Bié", como era chamado carinhosamente pelos familiares, certamente era uma alma nobre, sensível, poeta, conhecedor de valores preciosos cultivados na simplicidade do ser. Uma pessoa que enxergava além de aparências e questões práticas. Era um sonhador que, apesar de tantas dificuldades enfrentadas no dia a dia e de certamente ter vivido conflitos em uma sociedade individualista, preconceituosa e egoísta, como em geral é a sociedade humana, ele não perdeu a fé de que no futuro prevaleceria a sensibilidade, a valorização da arte, da criatividade, o senso de preservação e cuidado. Foi com essa certeza que ele passou a vida toda construindo sua obra de arte, materializando seu sonho. E aconteceu!
Hoje por sua casa já passaram estudiosos, poetas, escritores, celebridades ou não, pessoas sensíveis e que, assim como Seu Gabriel, têm olhos de ver, sabem enxergar valores além do mero conteúdo da matéria física.
Minha amiga Ana dos Santos Barbosa é sua sobrinha. Ela conta que, quando criança, ia visitá-lo e sempre achava que ele parecia meio maluco. Até que um dia, em conversa com ele e sua avó, que era cunhada dele, ela perguntou: "Tio Bié, por que o senhor gosta deste monte de coisas do lixo?". E ele respondeu: "não é lixo, são coisas que aproveito para que, um dia, o mundo não fique tão sujo". Ela então começou a catar tudo quanto era caquinho que encontrava nas ruas e até quebrava xícaras da sua mãe para levar para ele. Ana conta que, em relação aos animais, Seu Gabriel dizia que "um dia ainda seriam mais amigos que as pessoas". Por isso, quando morreu seu cachorrinho, ele sepultou. Quando a galinha que tinha morreu de velhice, ele também a sepultou. Eram bichos de estimação dele. "Parece que há 49 anos atrás ele já sabia que hoje estaríamos vivenciando problemas na natureza por causa do lixo. Tenho muitas histórias para contar, um dia conto", finalizou Ana.
Abaixo seguem dois vídeos e informações sobre Seu Gabriel, obtidas na internet:
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Casa da Flor, sita à Estrada dos Passageiros, nº 232, Município de São Pedro da Aldeia, Estado do Rio de Janeiro
Descrição: “Uma casa feita de caco e transformada em flor”. Era assim que Gabriel Joaquim dos Santos se referia à residência que passou décadas esculpindo. Gabriel recolhia o que encontrava pela frente para adornar a casa – cacos de cerâmica, de louça, de vidro, de ladrilhos, lâmpada queimada, bibelôs, conchas, correntes, tampos de metal. O que já aparentava não ter mais função foi transformado pelas mãos do artista em esculturas, réplicas e mosaicos, e incorporado à casa, considerada uma espécie de “barroco intuitivo”.
Nascido em 1892, filho de um escravo com uma índia, Gabriel trabalhava na roça e alfabetizou-se com 36 anos. Levado por seus sonhos, fantasia e imaginação, começou a “bricolage” de sua casa em 1923. A obra durou até o artista falecer, em 1985. Um ano depois, a residência foi tombada como patrimônio cultural fluminense pelo Inepac, considerada expressão ímpar da arquitetura espontânea popular.
A Casa da Flor e sua arquitetura fantástica já foi tema de dezenas de debates, artigos e de documentários, entre eles O Fio da Memória, de Eduardo Coutinho. Também foi criada a Sociedade de Amigos da Casa da Flor, liderada pela professora e pesquisadora Amélia Zaluar, para preservação e divulgação do imóvel. Amélia é autora do livro A Casa da Flor, Tudo Caquinho Transformado em Beleza, lançado em dezembro de 2012.
Fonte: Secretaria de Estado da Cultura.
INEPAC – Instituto Estadual do Patrimônio Cultural
Nome Atribuído: Casa da Flor
Localização: Vinhateiro, próximo à divisa do município de Cabo Frio – São Pedro da Aldeia – RJ
Processo de Tombamento: E-03/31.266/83
Tombamento Provisório: 19/10/1983
Tombamento Definitivo: 18/11/1987
Descrição: A Casa da Flor é obra de arquitetura e escultura de seu Gabriel dos Santos, nascido em 1893, filho de ex-escravo e trabalhador nas salinas de São Pedro d’Aldeia. Montada durante décadas, pelo acúmulo de restos, no dizer do autor “coisinhas de nada” – búzios, conchas e outros depósitos da lagoa, detritos industriais, pedaços de azulejos e faróis de automóveis – a construção, ainda nas palavras de Gabriel, é uma “casa feita de caco transformado em flor”. 114 Aparentemente insólita e bizarra, essa fabricação onírica “eu sonho para fazer e faço” tem efeitos visuais tão lindos e inesperados quanto os muros do Park Güell, de Antonio Gaudi em Barcelona. Trata-se, sem dúvida, de um traço vital da vertente popular e traumatizada de nossa arte. Com seu sonho realizado, seu Gabriel viveu ali sob luz de lamparina, até 1985, quando faleceu aos 93 anos. Em 2001 a Casa da Flor foi restaurada.
Fonte: Inepac.
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