E a serra virou lama
Antes era apenas uma serra...
Ao raiar do sol,
Montanhas brilhavam felizes.
Tranquilas, poderosas,
Acolhiam animais e plantas
Em doce e perene abraço.
Chegou o homem
E, aos pés da serra,
Construções,
Casas,
Cidades.
E assim corriam os anos...
Mas o homem pacato,
Que ao pé da serra vivia,
Viu chegar o homem dos cifrões,
Este,
Na cidadezinha hospedou-se com desdém
"Que vida é essa, que povo" .
Olhou pela janela,
E viu a serra.
Poderosa,
Protetora,
Sorrindo bela para a natureza que acolhia.
Brilharam os olhos cobiçosos,
Em pouco tempo, a serra chorava...
Não mais o brilho alegre,
Mas o choro sofrido,
De quem tem de si extraído seu eu mais profundo.
O homem dos cifrões
Com tanto lucro,
Extasiava,
Extraía,
Feria,
Até à exaustão.
Antes era apenas uma serra...
Hoje,
deserto de lama.
A cidadezinha,
Os rios,
Morte.
Não mais montanhas felizes,
Protetoras,
Reluzindo ao sol.
Não mais animais e plantas
Em doce abraço acolhidos.
A antes poderosa serra,
Altiva,
Forte,
Abrigando montanhas felizes.
Hoje, apenas um nada
Um resto,
Conjunto inerte de lama.
Luciana G. Rugani
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