por Luciana G. Rugani - hoje, no Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, vale a pena relembrar mais uma iniciativa pioneira que aconteceu em nossa cidade: Cabo Frio foi a primeira cidade no Brasil a promover um desfile de carnaval inclusivo para pessoas com deficiência. O evento foi realizado em 2003.
Uma ideia que, sem dúvida nenhuma, merece nossos aplausos! Tempos atrás postei aqui no blog uma matéria sobre a "Embaixadores da Alegria", escola de samba inclusiva do Rio de Janeiro, criada em 2006. Destaquei a importância deste trabalho como inclusão social, mas nem imaginava que nossa cidade já era a pioneira neste trabalho!
Abaixo segue matéria sobre o assunto, do jornal "O Cabofriense", de março de 2003. Vale destacar que, onde está escrito "Beth Peralta", leia-se "Beth Marge". Por um equívoco da redação na época, o nome saiu grafado erroneamente:
- Jornal "O Cabofriense", de 01/03/2003 -
Deficientes se realizam em desfile na Praia do Forte
Não foi um sonho, foi realidade. Pela primeira vez, no Brasil, um município realiza com sucesso um desfile de Carnaval exclusivamente para portadores de deficiência física. Apesar do tempo do desfile não ter sido idêntico aos tradicionais das escolas de samba, o Bloco da Inclusão, como foi batizado, trouxe a alegria e a realização para muitos deficientes de Cabo Frio e da região. O desfile, realizado na noite da última quinta-feira, dia 27, na Praia do Forte, que arrebanhou centenas de pessoas, foi promovido pela prefeitura de Cabo Frio e incluiu pessoas com vários tipos de deficiência, como os assistidos da APAE e das escolas Arlete Rosa Castanho e Fernando Azevedo. Segundo o prefeito Alair Corrêa, o desfile será aperfeiçoado para fazer parte do calendário da programação de eventos da cidade. Para o diretor de Eventos da prefeitura, Edson Leonardes, o objetivo do desfile foi alcançado plenamente.
- Novamente Cabo Frio sai na frente de outras cidades do Brasil, em enxergar que essas pessoas portadoras de deficiência física, que infelizmente não tinham o prazer e condições de participar da alegria de um Carnaval organizado, agora têm. Mas esse momento foi concedido a eles com muito brilho e garbo. A emoção que sentiram e passaram, para quem estava acompanhado, é que vale. Graças ao prefeito Alair Corrêa, pessoa sensível a qualquer assunto, que enxergou essa necessidade, ao vereador Amaury Valério por estar sempre se empenhando nestas causas, ao Jubiabá que iniciou com este projeto, e a gente que realiza o evento. As coisas acontecem assim. Tem um mentor, tem alguém que acredita, dá a força e investe que é o nosso prefeito, enfim, partem para cima do evento, com determinação, até que ele aconteça.
De acordo com Leonardes, pela visão do prefeito Alair Corrêa o evento entrará com certeza para o calendário de eventos do município.
- É uma coisa tão bonita e gostosa de se ver, que não tem como não ser incluído no calendário de eventos de nossa cidade.
"Enquanto o mundo está em guerra e fazendo novos deficientes, nós estamos aqui entrosando o deficiente na sociedade. Mostramos para o Brasil que podemos fazer um Carnaval de paz" - Beth Peralta.*
A emoção foi muito grande e segundo a nossa entrevistada, a única coisa que realmente não deu para fazer foi levantar da cadeira de rodas.
- Ficamos muito felizes em ver que o povo foi à rua para nos assistir e apoiar. Isso demonstra claramente que, no ano que vem, iremos fazer um Carnaval com um maior apoio principalmente dos deficientes. Uma das coisas mais importantes é que mostramos que podemos fazer um Carnaval de paz e familiar. Enquanto o mundo está em guerra e fazendo novos deficientes, nós estamos aqui entrosando o deficiente na sociedade. Nós mostramos para o Brasil que podemos fazer um Carnaval de paz.
Para o vereador e radialista Amaury Valério, a audácia do prefeito Alair Corrêa em aceitar e promover a ideia de fazer este Carnaval da Inclusão foi de tirar o chapéu.
- A única coisa que ele se preocupou, quando lhes apresentamos a ideia, foi quanto à aceitação dos próprios deficientes. Ao abraçar o ideal, Alair proporcionou este Carnaval maravilhoso que aconteceu aqui na Praia do Forte, com todos os portadores de deficiência física se esbaldando e pedindo para que o evento prossiga.
Para o próximo ano, Amaury Valério propõe que para melhor comodidade das famílias dos deficientes, o evento seja realizado durante o dia, para que mais pessoas possam participar.
- Os alunos das Escolas Arlete Rosa Castanho e Fernando Azevedo, por exemplo, com certeza se sentiriam bem mais à vontade se o desfile tivesse sido realizado durante o dia. Ano que vem vamos procurar adequar a questão do horário às possibilidades das famílias, porque normalmente o deficiente depende de uma ou mais pessoas.
Amaury Valério: "Ao abraçar o ideal, Alair proporcionou este Carnaval maravilhoso que aconteceu aqui na Praia do Forte com todos os portadores de deficiência física se esbaldando, e pedindo para que o evento prossiga".
De acordo com Amaury, o evento, que foi registrado até pelos turistas na Praia do Forte, deve servir de exemplo para o país.
- O exemplo que foi dado hoje, em Cabo Frio, tem que ser seguido. Não pode haver preconceito, nem pensamentos do tipo: "Será que é ridículo ver quem está em cadeiras de rodas ou de muletas sambando?" Claro que não. O resultado dessa nossa ousadia foi totalmente positiva. Portanto, queremos que até as próprias famílias percam a timidez e venham para a rua. O prefeito de Cabo Frio está dando esta oportunidade para que as pessoas portadoras de qualquer tipo de deficiência mostrem que podem ser e viver absolutamente normal.
Beth Peralta*: "Me senti poderosa. As pessoas precisam rever os seus conceitos"
Para a cadeirante Beth Peralta*, que se acidentou aos 19 anos e há 30 anos é paraplégica, a emoção foi total. Essa foi a primeira vez que desfilou num bloco para deficientes.
- Foi compensador. Eu sinto que a cidade de Cabo Frio abraça os nossos ideais, o que é mais importante. Eu não tenho preconceito e procuro mostrar às pessoas que elas devem lutar por aquilo que querem.
Beth acredita no projeto por ser inusitado e audacioso, que mexe com os conceitos das pessoas e com o próprio consciente.
- O próprio deficiente tem que se aceitar e participar destes tipos de eventos que, na verdade, tanto sonhamos. Se a pessoa tiver a mente boa, com certeza o corpo vai estar bem. As pessoas ao redor, de repente, nem se aperceberam que ali naquele bloco existiam pessoas deficientes como as da APAE, que não falam, ouvem, mas estavam sentindo a música, já que ela vibra dentro da pessoa, o que faz muito bem para nós deficientes, principalmente no Carnaval em que todos querem extravasar os seus sentimentos.
*Onde estiver escrito "Beth Peralta" leia-se "Beth Marge". Por um equívoco da redação na época, o nome saiu grafado erroneamente.
Salve Cabo Frio, sou Gaúcho e deixo aqui o meu abraço a vocês, parabéns !!#!#
ResponderExcluirO pontapé inicial dessa luta foi eu Maria heHele Barboza Ribeiro e minha amiga Elizabeth Margem que procuramos o nosso amigo Amauri Valério Radialista e começamos essa Luta me Orgulho muito disso Estou muito feliz Obrigado a todos que Hoje estamos juntos
ResponderExcluirO pontapé inicial dessa luta foi eu Maria heHele Barboza Ribeiro e minha amiga Elizabeth Margem que procuramos o nosso amigo Amauri Valério Radialista e começamos essa Luta me Orgulho muito disso Estou muito feliz Obrigado a todos que Hoje estamos juntos
ResponderExcluirOs "Embaixadores da Alegria" sao maravilhosos, todos estão de parabéns e que continuem por muitos carnavais alegrando a todos nós. ✨
ResponderExcluirImportante ressaltar que em 2003 a Embaixadores da Alegria ainda não existia mas, como eu creio que idéias benéficas são espalhadas no espaço, Paul, com sua extrema sensibilidade, vindo de lá do lado de lá do mundo,transformou a idéia frutífera do nosso ex prefeito na 1° escola inclusiva do mundo.. Eu creio que a vida nos mostra todos os elos, a vida é exatamente composta dr elos interligados por pessoas que creem e têm idéias modificadoras que lá mais à frente farão sentido.. Muito bonito vermos como estamos ligados por um fio tênue de cooperação. Isso me deixa ser parte desse fio e desses elos que se interligam...
ExcluirA lute por acessibilidade e árdua e longa. Temos q sempre aplaudir todas as iniciativas, principalmente da nossa querida Beth Marge q sempre inova!!!!
ResponderExcluirMuito me orgulha saber que Cabo Frio foi pioneira com o Carnaval inclusivo. Bom entender que em 2003 ainda engatinhávamos em pensamentos inclusivos. Fico feliz vendo minha amiga Maria Helena, companheira desde 2000, relembrando nossas sementinhas. Fico muito feliz sabendo que hoje frutos têm surgido nas questões da inclusão das pessoas com deficiência e um patamar decisivo foi e continua sendo a acessibilidade. Outro grande divisor de águas é a tomada de consciência da população qto ao pensamento inclusivo. É preciso um olhar distante do preconceito feito a essas pessoas e entender que não é a deficiência que torna o indivíduo incapaz e sim o meio inacessível e preconceituoso.
ResponderExcluirA história e fotos tiradas do fundo do baú deram um tom nostálgico de uma época florida da nossa cidade e nos mostra como caminhamos positivamente, e como o olhar futurístico do ex prefeito, nos trouxe melhorados até aqui para continuarmos construindo para o futuro pois, é no futuro que passamos mais tempo!
Parabéns Elizabethe Margem por essa iniciativa junto com o prefeito de sua cidade.
ResponderExcluirA amiga fazendo história
ResponderExcluirEstamos amiga, cada um fazendo um pouquinho, juntos contribuindo para que sejamos incluídos, acabemos com estigmas e conceitos pré concebidos às pessoas com deficiência, inclusive respeitando aqueles guerreiros lutadores que vieram antes e prepararam o caminho para que continuemos nos melhorando todos os dias! Bjuxs e obrigada, Loura linda, pelo apoio às causas pertinentes a nós!
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