por Deborah Prates
Sou Deborah Prates, advogada, feminista e pessoa cega. Penso que este espaço seja bem importante para discutirmos as nossas desigualdades, já que somos - também - relevantes para a manutenção do Estado Democrático de Direito. Se as mulheres sem deficiência estão dando os seus primeiros passos (com muita justiça), as mulheres com deficiência ainda estão em fase gestacional. Precisamos desenvolver a sororidade para que as mulheres com deficiência possam nascer e caminhar de mãos dadas com as suas iguais sem deficiência.
É muito comum, sob o enfoque da vertente interseccional, as pessoas confundirem a opressão por gênero com a opressão pela deficiência. De fato, as opressões se misturam. Assim, a violência contra a mulher com deficiência "normalmente" é reduzida e conduzida ao espaço das pessoas com deficiência. Precisamos começar a enxergar além da deficiência a mulher. Logo, a primeira grande violência que sofremos é o não reconhecimento como iguais vindo das mulheres sem deficiência. Penso que não seja por mal, mas sim pela falta de conhecimento e sensibilidade.
Aqui venho trazer a questão das magistradas e magistrados não terem a menor noção de como atender uma advogada com deficiência. Em tese, precisamos de ajuda para chegar até os gabinetes, ante a falta de acessibilidade. As juízas e juízes não nos enxergam e voltam-se para os nossos acompanhantes, pouco adiantando a nossa identificação como advogadas.
Com o foco nos Direitos Humanos é que convido a todas e a todos para mudarem esse mau hábito, sendo certo que deverão - sempre - falar olhando para a mulher advogada com deficiência e não para o seu acompanhante. Por exemplo, a cegueira, de longe, pode ser tida como falta de capacidade de compreensão. Essa mudança de comportamento tem o nome de "Acessibilidade Atitudinal". Para mim, essa é a mãe de todas as acessibilidades, já que nos leva a solidariedade. Vale repetir que a solidariedade é o sentimento que nos faz humanos. Entendo que juntas agregaremos rumo a igualdade de gêneros.
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