por Luciana G. Rugani - E hoje vamos de poesia!
É para nós grande alegria divulgar assuntos de nossa cidade, sua história e dia a dia, riquezas culturais e trabalhos de cidadãos que também se dispõem a divulgar o que ela tem de melhor e a não deixar que se perca sua história.
Abaixo segue uma poesia do amigo Mauro Leal: tributo a Teixeira e Souza, escritor cabofriense e primeiro romancista brasileiro (1812-1861).
Vale a pena conhecer:
Tributo ao Primeiro Romancista Brasileiro
- por Mauro Leal -
Nos dias da mocidade,
de saudade, penúria, penumbra; sofria.
Mas aguerrido pela aurora despertava
e à Cristo com lágrimas suplicava.
Já ao raiar pelas trilhas, trilhos
e estradas empoeiradas sob lufadas,
não temia e laborioso à labuta, partia,
e à luz do meio dia e à turva do velho
lampião, do candieiro e da lamparina
que enfumaçavam e ardiam, agradecia pelo pão e pelo dia.
Bravo não sucumbiu, não esvaeceu, não recuou
e da eterna paixão pelo sonho não refratou.
E por pragmático rumar no afã do alvo alcançar,
Deus honrou e romances, prosas, crônicas, poemas e poesias
em seu coração derramou.
Em meio à jornada, reencontrou o amigo, mestre, cirurgião
e poeta, que estimava e as suas experiências compartilhava,
pois acreditava que na vanguarda a romântica bandeira ergueria.
Orientado e impulsionado prosseguia pela reta trajetória
que a vida histórica prometia,
e por não declinar, tinha por fé o portento alcançar.
E ao pairar na aprazível vista, o Forte São Mateus,
rocha guerreira e inspiradora, envaidecia ao contemplar:
- a alva Duna Boa Vista, às margens das turquesas
e das esmeraldas águas, a contracenarem;
- a felicidade dos meninos de peito surfando
e de ponta cabeça, rolando;
- as cristas e os túneis nas ondas formando;
- o acordar e o deitar da quinta grandeza;
- as traineiras e os barquinhos pesqueiros
na caída da noite, na boca da barra
com seus heróis-pescadores felizes acenando, com o sustento chegando;
- o bando de aves marinhas cruzando o céu gorjeando, mergulhando, saciando e revoando;
- a família dos velhos e valentes homens mar,
reunida e a Deus agradecida, debaixo do sol de verão,
como também em noites escuras e frias,
ou iluminadas pelo Braço de Órion.
E por muito que se orgulhou do singular privilégio das opulências
da natureza da sua terra natal,
o eminente cabofriense, poeta Teixeira e Souza,
inspirado na "Princesinha do Mar",
por fecunda imaginação do naufrágio de Laura
e o resgate por Augusto, seu grande amor,
fez primar e eternizar o inédito romance:
"O filho do pescador¨.
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