Minha coluna de hoje no jornal "Diário Cabofriense". Abaixo da foto, segue o texto para mais fácil leitura:
Hoje gostaria de dividir com vocês uma história de superação, um exemplo de como podemos mudar nossa vida a partir do momento em que mudamos a forma de encará-la.
Minha amiga Deborah Prates é advogada no Rio e integrante das comissões de Direitos Humanos; OAB-MULHER; Tecnologia da Informação (Federal) e Comissão de Política de Igualdade (FEDERAL), na OAB/RJ. Deborah ficou cega em 2006, em consequência de glaucoma. Antes da cegueira, ela chegou a fazer diversas cirurgias, e, quando se preparava para mais uma delas, contraiu uma pneumonia e passou a tomar antibióticos. Em seguida, apareceu uma "prega" no pulmão. Para este problema, ela precisou tomar corticoides. Mas, para um portador de glaucoma, tomar corticoides é sinônimo de cegueira, pois eleva ainda mais a pressão ocular. Deborah viu-se entre duas opções: ou tomava o corticoide e tratava do problema do pulmão e ficava cega, ou não tratava do pulmão e morria. Em momento de difícil decisão, quando a maioria de nós certamente se entregaria ao desespero, Deborah, muito lúcida, busca o equilíbrio, chama sua filha de 12 anos, conversa com ela, explica o caso e pergunta: você prefere uma mãe cega ou uma mãe morta? Então neste momento decidem prosseguir no tratamento do pulmão. Em 15 dias, Deborah foi se despedindo da visão, fez aula de bengala e, no final dos 15 dias, quando terminou a aula de bengala, ficou completamente cega.
Deborah perdeu clientes, ficou em difícil situação financeira, mas não desistiu. Tornou-se estudiosa dos direitos das pessoas com deficiência, passou a dar palestras e a advogar em causas de acessibilidade.
Gravou o filme "Uma simples cegueira", classificado no festival "Assim Vivemos / 2011", mostra de filmes sobre deficiências no Centro Cultural do Banco do Brasil/RJ. Neste filme, Deborah mostra situações de seu dia a dia no computador e nas ruas, no shopping, no taxi, com seu cão-guia americano. Aborda questões importantes que precisam ainda evoluir muito no Brasil, como, por exemplo, a questão do cão-guia. No Brasil, ainda é muito difícil conseguir um cão-guia. Não há muitas escolas. Na época em que ela precisou, só encontrou uma escola com poucos cães para atender a toda a demanda de cegos do país. Outra visão que precisa mudar é o preconceito de certos profissionais contra o cão. É preciso que se conscientizem de que há lei garantindo a presença do cão-guia em qualquer ambiente. Deborah destaca também situações práticas em nossas calçadas em que o cão faz extrema diferença, pois ele impede que o cego trombe no obstáculo, coisa que a bengala não impede. O filme mostra, ainda, como a tecnologia já se desenvolveu a favor das pessoas com deficiência, através dos ledores de tela para computador, ledores de cores, etc.
Vale a pena assistir ao filme, pois é enriquecedor. Está dividido em duas partes, no youtube. Deixarei os links aqui para facilitar a busca de quem se interesse.
Por fim, a lição que fica para mim é a lição de superação, de otimismo que Deborah nos transmite. Ela acredita que, quando se perde algo, é preciso olhar para o que ainda resta agradecer pelo que ainda se tem e ficar feliz por isso. Seguir em frente sem nunca perder a alegria e vontade de viver. Deborah nos ensina uma nova forma de enxergarmos a vida, muito além do que se tem ou do que se perde, mas sim a vida pela vida, o "estar vivo” e alegrar-se por isso, e assim aprender que a vida não é só isso que se vê. E ainda, que não é um simples obstáculo que nos fará desistir de seguirmos em busca de nossos projetos. Tudo depende de nós, de nossa maneira de enxergarmos além da pedra no caminho e assim contorná-la como a água contorna o obstáculo. Limitações físicas ou materiais podem até surgir, mas nunca haverá nada capaz de limitar a nossa vontade.
Conheçam mais sobre Deborah clicando aqui .
Minha amiga Deborah Prates é advogada no Rio e integrante das comissões de Direitos Humanos; OAB-MULHER; Tecnologia da Informação (Federal) e Comissão de Política de Igualdade (FEDERAL), na OAB/RJ. Deborah ficou cega em 2006, em consequência de glaucoma. Antes da cegueira, ela chegou a fazer diversas cirurgias, e, quando se preparava para mais uma delas, contraiu uma pneumonia e passou a tomar antibióticos. Em seguida, apareceu uma "prega" no pulmão. Para este problema, ela precisou tomar corticoides. Mas, para um portador de glaucoma, tomar corticoides é sinônimo de cegueira, pois eleva ainda mais a pressão ocular. Deborah viu-se entre duas opções: ou tomava o corticoide e tratava do problema do pulmão e ficava cega, ou não tratava do pulmão e morria. Em momento de difícil decisão, quando a maioria de nós certamente se entregaria ao desespero, Deborah, muito lúcida, busca o equilíbrio, chama sua filha de 12 anos, conversa com ela, explica o caso e pergunta: você prefere uma mãe cega ou uma mãe morta? Então neste momento decidem prosseguir no tratamento do pulmão. Em 15 dias, Deborah foi se despedindo da visão, fez aula de bengala e, no final dos 15 dias, quando terminou a aula de bengala, ficou completamente cega.
Deborah perdeu clientes, ficou em difícil situação financeira, mas não desistiu. Tornou-se estudiosa dos direitos das pessoas com deficiência, passou a dar palestras e a advogar em causas de acessibilidade.
Gravou o filme "Uma simples cegueira", classificado no festival "Assim Vivemos / 2011", mostra de filmes sobre deficiências no Centro Cultural do Banco do Brasil/RJ. Neste filme, Deborah mostra situações de seu dia a dia no computador e nas ruas, no shopping, no taxi, com seu cão-guia americano. Aborda questões importantes que precisam ainda evoluir muito no Brasil, como, por exemplo, a questão do cão-guia. No Brasil, ainda é muito difícil conseguir um cão-guia. Não há muitas escolas. Na época em que ela precisou, só encontrou uma escola com poucos cães para atender a toda a demanda de cegos do país. Outra visão que precisa mudar é o preconceito de certos profissionais contra o cão. É preciso que se conscientizem de que há lei garantindo a presença do cão-guia em qualquer ambiente. Deborah destaca também situações práticas em nossas calçadas em que o cão faz extrema diferença, pois ele impede que o cego trombe no obstáculo, coisa que a bengala não impede. O filme mostra, ainda, como a tecnologia já se desenvolveu a favor das pessoas com deficiência, através dos ledores de tela para computador, ledores de cores, etc.
Vale a pena assistir ao filme, pois é enriquecedor. Está dividido em duas partes, no youtube. Deixarei os links aqui para facilitar a busca de quem se interesse.
Por fim, a lição que fica para mim é a lição de superação, de otimismo que Deborah nos transmite. Ela acredita que, quando se perde algo, é preciso olhar para o que ainda resta agradecer pelo que ainda se tem e ficar feliz por isso. Seguir em frente sem nunca perder a alegria e vontade de viver. Deborah nos ensina uma nova forma de enxergarmos a vida, muito além do que se tem ou do que se perde, mas sim a vida pela vida, o "estar vivo” e alegrar-se por isso, e assim aprender que a vida não é só isso que se vê. E ainda, que não é um simples obstáculo que nos fará desistir de seguirmos em busca de nossos projetos. Tudo depende de nós, de nossa maneira de enxergarmos além da pedra no caminho e assim contorná-la como a água contorna o obstáculo. Limitações físicas ou materiais podem até surgir, mas nunca haverá nada capaz de limitar a nossa vontade.
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Links para o filme:
Uma simples cegueira - 1ª parte
Uma simples cegueira - 2ª parte
Luciana G. Rugani
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