por Achilles Pagalidis - "A armação baleeira é uma instalação litorânea estruturada para a pesca
ou caça às baleias e o processamento dos seus produtos. No Brasil
existiu desde o início do século XVII até meados do XIX. A cidade de
Búzios (antigo 3º distrito de Cabo Frio) teve o nome de batismo
português de “Ponta dos Búzios”, devido a presença de numerosas conchas
de moluscos gastrópodes em suas praias. Com a construção da Armação das
Baleias de Búzios, o estabelecimento comercial, passa a topônimo
substituto do original, incorporando o vocábulo composto “Armação dos
Búzios"."
Os borrifos da baleia, com seus enormes jatos de água no meio do mar, eram os primeiros sinais para os vigias atentos, indicando o momento dos pescadores colocarem os barcos na água para partir em busca das suas enormes presas. A temporada de caça ao animal durava de junho a setembro. Era preciso aproveitar enquanto os cetáceos, vindo da região polar, vinham nadar nas águas quentes das baías tropicais, onde procriavam.
Em tempos coloniais, esta era uma prática difundida por todo o litoral da América portuguesa. Introduzida no país no início do século XVII, a pesca da baleia tinha como produtos sua gordura, barbatanas e carne. Com a captura por arpão, esses derivados do animal não precisavam mais ser recolhidos nas praias, como se fazia até então, quando eram utilizadas apenas as baleias que encalhavam. A atividade logo atraiu um grande número de interessados, especialmente comerciantes portugueses.
O óleo, extraído das espessas camadas de gordura que envolvia o animal, por suas inúmeras funções, era o produto mais cobiçado. Chamado de “azeite” ou “graxa”, servia para a iluminação dos engenhos, casas e fortalezas, para a calafetagem de barcos (vedação com estopa), para a fabricação de sabões e velas, e ainda podia ser usado na lubrificação de engrenagens. Quando misturado ao barro, formava uma argamassa especial para construções sólidas, tão resistentes que ainda hoje é possível encontrar paredes intactas em que o material foi usado séculos atrás.
Da baleia, quase tudo se aproveitava. A carne servia de alimento: a língua, por exemplo, era vendida à nobreza e ao clero como iguaria. As barbatanas – placas de fibras que ficam no céu da boca das baleias – eram utilizadas na confecção de acessórios e roupas femininas e masculinas, como espartilhos, saias e chapéus. Os ossos, por sua vez, destinavam-se à construção civil e à produção de móveis.
A gordura era derretida no engenho de frigir, onde se obtinha o óleo. Esta etapa passava por um processo de purificação, que consistia na filtragem de resíduos. Quando estava puro e pronto para a venda, era armazenado na casa de tanques. A distribuição para o consumo era feita em pipas (recipientes de madeira que normalmente tinham um volume de 424 litros), enviadas para o Rio de Janeiro e daí para Portugal. Dependendo das dimensões da baleia, produziam-se de 10 a 30 pipas de óleo.
A caça se desenvolveu, em tempos passados, sem uma preocupação com as consequências ambientais, e não isso tardou a comprometer a procriação das baleias. Preocupado com as técnicas empregadas na pesca, o estadista José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), que depois ficou conhecido como o “Patriarca da Independência”, previu a situação de escassez que podia diminuir as vantagens do empreendimento.
Em tempos coloniais, esta era uma prática difundida por todo o litoral da América portuguesa. Introduzida no país no início do século XVII, a pesca da baleia tinha como produtos sua gordura, barbatanas e carne. Com a captura por arpão, esses derivados do animal não precisavam mais ser recolhidos nas praias, como se fazia até então, quando eram utilizadas apenas as baleias que encalhavam. A atividade logo atraiu um grande número de interessados, especialmente comerciantes portugueses.
O óleo, extraído das espessas camadas de gordura que envolvia o animal, por suas inúmeras funções, era o produto mais cobiçado. Chamado de “azeite” ou “graxa”, servia para a iluminação dos engenhos, casas e fortalezas, para a calafetagem de barcos (vedação com estopa), para a fabricação de sabões e velas, e ainda podia ser usado na lubrificação de engrenagens. Quando misturado ao barro, formava uma argamassa especial para construções sólidas, tão resistentes que ainda hoje é possível encontrar paredes intactas em que o material foi usado séculos atrás.
Da baleia, quase tudo se aproveitava. A carne servia de alimento: a língua, por exemplo, era vendida à nobreza e ao clero como iguaria. As barbatanas – placas de fibras que ficam no céu da boca das baleias – eram utilizadas na confecção de acessórios e roupas femininas e masculinas, como espartilhos, saias e chapéus. Os ossos, por sua vez, destinavam-se à construção civil e à produção de móveis.
A gordura era derretida no engenho de frigir, onde se obtinha o óleo. Esta etapa passava por um processo de purificação, que consistia na filtragem de resíduos. Quando estava puro e pronto para a venda, era armazenado na casa de tanques. A distribuição para o consumo era feita em pipas (recipientes de madeira que normalmente tinham um volume de 424 litros), enviadas para o Rio de Janeiro e daí para Portugal. Dependendo das dimensões da baleia, produziam-se de 10 a 30 pipas de óleo.
A caça se desenvolveu, em tempos passados, sem uma preocupação com as consequências ambientais, e não isso tardou a comprometer a procriação das baleias. Preocupado com as técnicas empregadas na pesca, o estadista José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), que depois ficou conhecido como o “Patriarca da Independência”, previu a situação de escassez que podia diminuir as vantagens do empreendimento.
(Fonte: “Revista de História”, João Rafael Moraes de Oliveira – 2009)
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