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PARADISÍACO NORDESTE BRASILEIRO: A OUTRA FACE

Recebi hoje no meu face um post com uma matéria sobre Fernando de Noronha, arquipélago pertencente ao estado de Pernambuco, intitulada "Noronha, o paraíso às avessas". A matéria aborda uma faceta da ilha, quase nunca divulgada na mídia, em que há muita pobreza, desigualdade e exploração. 
As cidades do nordeste são internacionalmente conhecidas, com alto fluxo de turistas durante todo o ano e compõem o destino nacional mais procurado pelos brasileiros para passar o réveillon, ao mesmo tempo em que possuem uns dos mais altos índices de pobreza do país. 
O Brasil é riquíssimo de lugares paradisíacos, tanto no seu litoral quanto nas suas montanhas. Daí que logo chamou a atenção de visitantes estrangeiros, e dos próprios brasileiros interessados em conhecer sempre mais um pouquinho de seu país. Percebeu-se o quanto valeria a pena investir no assunto "turismo. Eu não sou especialista em turismo nem em meio ambiente. As palavras abaixo são apenas uma reflexão que faço acerca desta realidade dura que nos mostra a reportagem.
Imagino que, no início, o turismo tenha entusiasmado visitantes, população local e governos, mas (talvez por falta de uma previsibilidade adequada, ou por excessiva empolgação com a atividade econômica em si e o retorno que poderia trazer) nas cidades nordestinas não houve a preocupação de prevenir as consequências danosas desse estímulo à atividade turística sem planejamento. Não se estudou criteriosamente essa interrelação existente entre a atividade e a população local. Incentivou-se a aglomeração, o interesse econômico de investimento no local mas não houve, conjuntamente, a preocupação de se investir também, no mesmo ritmo, nas condições de infraestrutura de sua população local. Consequentemente, se havia pobreza e favelas, por exemplo, com a entrada de mais pessoas, atraídas pela chance de prosperidade e vindas, muitas vezes, do interior, essa situação se agravou. Se não havia um sistema adequado de saneamento, essa situação também se ampliou drasticamente, gerando outras questões preocupantes, como os graves problemas ambientais, entre eles o lançamento de esgoto nos mares feito muitas vezes sem o tratamento prévio adequado.
Penso, então, que faltou enxergar o turismo como uma atividade econômica que, muito mais que divulgar e incentivar as visitações, tem em seu cerne o ser humano, com suas necessidades, seus desejos e seus ideais de prosperidade. É uma atividade que, para ser bem sucedida perenemente, não pode deixar de levar em conta este fator humano, que é crucial. Há que conciliar uma maior ocupação humana com condições adequadas de uso do espaço, daí a importância de se investir, desde o início, na melhoria das condições de infraestrutura. Claro que, devido ao crescimento advindo do incremento desta atividade, os problemas sociais e ambientais chegarão juntos, mas certamente que, se tivesse havido desde o início um planejamento e investimento adequados para combater estes problemas, logicamente que seus efeitos teriam sido mais amenos. O ser humano, de diversas classes sociais, chega, aos montes, e vai ocupando espaços e iniciando suas atividades, muitas vezes até danosas à ordem social ou ambiental, e se o poder público fecha os olhos para estas questões no início, futuramente elas se agigantam a tal ponto que em alguns casos não resta mais nada a fazer.
Em resumo, não houve essa preocupação quando do início da atividade turística na quase totalidade destas cidades nordestinas. Como parâmetro de percepção, vale acessar o link postado no início deste texto, cuja matéria revela o outro lado do paradisíaco arquipélago de Fernando de Noronha. Vale a pena ler e conhecer esta realidade. É essencial que se tenha o olhar voltado também para o aspecto humano, pois sem esse foco o turismo poderá crescer, mas seus efeitos poderão trazer muito mais dor-de-cabeça do que renda. E ainda, para se tornar uma atividade econômica lucrativa de forma perene, só mesmo minimizando os problemas sociais e de infraestrutura, e, assim, evitando a expansão da pobreza e destruição do patrimônio ambiental. O turismo rentável é o turismo saudável para todas as partes envolvidas (visitantes, cidadãos e espaço físico). O turismo sustentável, que visa o incremento da atividade hoje com vistas à sua perpetuação no amanhã, de forma a permitir que futuras gerações possam continuar usufruindo e convivendo com as particularidades da atividade em condições adequadas e não danosas ao meio, é a grande saída para que a atividade turística não se vire contra o próprio meio social e ambiental onde é exercida, acabando por tornar-se algo danoso e prejudicial.

Luciana G. Rugani

Comentários

  1. Ao que se refere "Meio Ambiente", os franceses, americanos, japoneses e australianos precisam ficar em alerta, pois um esgoto que for atirado nas águas brasileiras afetam todo ecossistema.

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