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POLÍTICA (COM "P" MAIÚSCULO") X pOLÍTICA (COM "p" MINÚSCULO)

Vejo a política, em toda sua complexidade, com a arte de conciliar as divergências em prol do bem comum. Considero "arte" porque, para atingir seu objetivo, requer um dom especial, que poucos dominam com competência; é como um arranjo de notas musicais que no final produzem uma bela melodia.
Bem comum: essa é a finalidade maior da Política (com "P" maiúsculo) para mim.
Mas alguns fatos que venho observando me fazem ver como que nos distanciamos a cada dia da verdadeira Política.
A política (agora com "p" minúsculo, que significa politicagem) nos dias de hoje vem sendo exercida de maneira totalmente contrária à ideia geral que expus acima. É a política que, ao invés de visar a conciliação, busca o conflito, a separação, a guerra. É a política que separa, ao invés de unir, que destrói ao invés de construir. Tenho visto a política mesquinha de espalhar a revolta, a desunião, as brigas.
Hoje se fala muito em reivindicar melhorias, cobrar dos governos, e para isso usam todos os meios disponíveis. Mas não é necessário ser nenhum especialista para perceber que muito do que vemos são ações que escondem vaidosos interesses pessoais, e que, infelizmente, dessas ações participam muitos cegos à realidade maior que se esconde na sombra, muitos que, imaginando estarem lutando pelas causas sociais, estão na verdade sendo instrumentos de "acordões", de planos maiores e obscuros que visam a satisfação de interesses pessoais de uma minoria controladora.
Como pode, por exemplo, um governo com poucos meses de trabalho, no seu primeiro ano de gestão, ser cobrado por projetos previstos para todos o mandato? Todos nós sabemos que o primeiro ano de qualquer gestão costuma ser o mais complicado, pois, além de ser necessário reorganizar a "casa", todo o trabalho é realizado embaixo de um orçamento que não foi estudado e planejado detalhadamente de acordo com o perfil da nova gestão. Normalmente, é a partir do segundo ano que as coisas começam a se organizar adequadamente, a entrar no compasso do estilo administrativo. Então vejamos: qual a postura que se espera de cidadãos que queiram exercer a verdadeira Política, lembrando que ela busca conciliar as divergências para realizar o bem comum? A meu ver, a primeira coisa é observar como este governo vem atuando nas duas frentes: na reorganização da "casa" e na realização das obras previstas. Ou seja, se este governo, mesmo com as dificuldades já conhecidas de um início de mandato, segue trabalhando na organização das coisas que já funcionavam, mas funcionavam precariamente; se segue colocando as contas em dia e reorganizado o "caixa"; e, ao mesmo tempo, vem executando as ações eleitas como prioridades pela própria população, é justo ser cobrado pela execução de projetos que sabemos ser impossível de se realizar com celeridade? E ainda, é justo "esquecer" que o que está sendo realizado é justamente o que há alguns meses atrás os próprios cidadãos elegeram como obras prioritárias? Estaremos contribuindo verdadeiramente para o bem comum ao julgarmos mal este governo e semearmos a discórdia e a revolta? O que estamos construindo ao agirmos desta forma? Será algo em benefício da sociedade? Não seria mais proveitoso para o bem da sociedade enxergamos o que está sendo feito, colaborarmos com ações que chamem a sociedade para preservar e cuidar do que está sendo realizado, e para dialogar, se unir e propor soluções a serem levadas às autoridades da esfera competente? Temos exemplos de ações assim em diversas cidades brasileiras, por exemplo, na área de segurança pública. Moradores se unem, juntamente com responsáveis pelo policiamento, elaboram estratégias de monitoramento e levam os projetos até os governos estaduais, que são os responsáveis pela segurança pública. Muitos destes projetos elaborados na parceria polícia-população são implementados com sucesso.
O que quero dizer é que as pessoas precisam refletir mais, analisar com mais profundidade os fatos. Cobrar, reivindicar, sim, mas com coerência e lógica. Cobrar o impossível, simplesmente para ser a voz da população, nada acrescenta, nada soma ao bem coletivo. Ao contrário, causa separação, ruptura, revolta, o que bate de frente com a noção geral da verdadeira Política.
Além dessa análise nas duas frentes, a que me referi atrás, há que se ter como guia o sempre sábio "bom senso". Bom senso para perceber a necessidade de se olhar além das próprias fronteiras, enxergar a tendência mundial e entender que se deve priorizar a atividade econômica que verdadeiramente garantirá a sobrevivência financeira da cidade. Ser contra os projetos e ações que incrementarão essa atividade econômica é fugir à razoabilidade, e, mais uma vez, nada acrescenta à realização do bem comum.
Tenho observado a política (com "p" minúsculo) sendo exercida com a participação de muitas pessoas de bem e capacitadas, mas que se deixam levar pela vaidade e pela ilusão de estarem contribuindo para o bem da sociedade, quando na verdade são meros instrumentos de grupos tradicionalmente organizados em prol de interesses pessoais. Essa política destrói, corrói, fere, faz sofrer. Visa justamente tumultuar, desunir e enfraquecer.
No campo Político, que deve ser o âmbito da construção, não deve entrar a política que destrói; estejamos atentos às ações daqueles que dizem fazer "Política", mas que na verdade caminham em sentido contrário rumo a futuras promoções eleitoreiras.
A verdadeira Política é mais forte, mas requer sabedoria para enxergar as nuances desagregadoras da política mesquinha que contra ela vem se opor. Mas não é preciso tanta sabedoria, basta analisar sempre com bom senso e pé no chão, com atenção à realidade e do porquê do que está sendo feito e como está sendo feito. Acho que vale a pena colaborar positivamente, dar um tempo de as coisas se arranjarem, e ter cautela para não entrar nas reivindicações como membro de uma "febre de reivindicações". Há que estar desperto, antenas ligadas, observação total, olhos abertos e foco no bem comum.

Luciana G. Rugani

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