Eu hoje entendo...
hoje sou capaz de entender certas atitudes que antes via com surpresa, sou capaz de entender certas ações que até ontem causavam decepção.
Hoje entendo que certos meios têm suas regras, que essas regras existem, mas de forma velada.
Os participantes a exercem naturalmente, mas nunca as expressam.
Ao estarmos dispostos a entrar para certos meios, precisamos entender seus mecanismos, saber o preço a pagar e ver se somos capazes de suportar o custo.
Em certo meio social, só devemos participar em duas hipóteses:
1) profissionalmente - essa hipótese refere-se a contratação de serviços, ou seja, um acordo claro, firmado antecipadamente de forma expressa, vínculo totalmente profissional; ou
2) voluntariamente, mas sem criar vínculos emocionais, entendendo claramente que trata-se de um jogo, e que ali as pessoas são peças do mesmo jogo.
Mas há que ter muita atenção, pois o próprio meio tem seu disfarce. Ali todos se tratam como amigos, se colocam disponíveis como se amigos fossem, mas são apenas peças no jogo. Não cria-se laços de sentimento. Reina a hipocrisia.
Isso tudo não é julgamento que faço. É mera constatação, conclusão a que cheguei depois de muito observar e experimentar.
Por isso hoje não julgo, por exemplo, aquele intelectual que pulou do barco há alguns anos atrás, e que foi prontamente julgado por muitos. Hoje entendo que ele simplesmente conhecia as regras do jogo, a hipocrisia típica, e optou pelo que, talvez, fosse melhor para ele. Simples assim, natural. Hoje vejo que foi injustamente julgado por muitos que exercem com maestria esse jogo.
Eu hoje entendo que se você hoje é peça importante, valorizada e prezada, fique feliz mas tenha a certeza de que amanhã mesmo tudo pode ser diferente. Amanhã você pode ser desnecessária e, a partir daí, não mais valorizada, prezada e nem lembrada. É fato. Funciona dessa forma. O descarte é rápido e natural neste meio, pois como dissemos, todos são peças do jogo, não há vínculos emocionais.
E não tente subverter as regras! Não busque, não crie vínculos. Não envolva seus sentimentos de qualquer forma, sejam eles amor, amizade, ódio, tristeza ou alegria. Lembre sempre que trata-se de um jogo onde o sentimento, em todas as suas manifestações, deve ficar bem longe para não atrapalhar os acertos e acordos que possam vir.
Como disse certa vez Paulo Coelho, todas as batalhas em nossa vida são aprendizados, até mesmo aquelas que perdemos. Portanto, se verificarmos atentamente, nada na nossa vida são perdas. Podemos até chamar de quedas, mas não perdas. Se aprendemos algo, ganhamos! Então não estamos perdendo. Se caímos, levantamos com mais cuidado, e prosseguimos a caminhada. Não há perda, não há demérito em cair, não há dor do desprezo. Tudo são possibilidades de um jogo.
Eu caí e aprendi. Hoje estou me levantando e levando comigo esse aprendizado, esse conhecimento maior sobre um meio que eu nunca tinha frequentado efetivamente. Hoje eu já não entraria nesse jogo, pois conheço suas regras, e sei que não posso pagar este preço. Gosto de vínculos, gosto de sentimentos, abomino a falsidade e hipocrisia. Se escrevo algo, se digo algo, é porque expresso o que está em mim. Então hoje já sei que meu perfil não condiz com as regras deste jogo. Não adianta entrar e agir diferente, as regras não mudam e não mudarão. Nós é que precisamos conhecê-las e saber de antemão se seremos ou não capazes de nos adaptarmos a elas.
Luciana G. Rugani
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