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A AMIZADE, SEGUNDO ARISTÓTELES

Vivendo e aprendendo.. lendo os textos dos grandes filósofos conseguimos compreender melhor a realidade das relações que surgem em nossos caminhos e dos termos utilizados nos contatos sociais.
Aprendemos que o termo "amizade" e "amigo" na verdade é algo baseado no querer bem. O prazer, a alegria e a utilidade não são os motivadores de uma perfeita amizade. Esta, o que a move é um querer bem gratuito e natural, nem sempre prazeroso, nem sempre útil, nem sempre conveniente. É algo tão puro, tão rara, que por isso é tão difícil encontrá-la neste mundo. São os sábios da antiguidade nos ensinando coisas que, se soubéssemos antes, poderiam nos poupar de tantas dores, quedas, expectativas frustradas e decepções que ocorrem em nossas relações.
Lá vou eu mais uma vez dar sugestão a Deus...: ah se pudéssemos nos abrir ao mundo somente após alguns anos de estudo intenso das obras dos grandes filósofos!! Este deveria ser um pré-requisito para entrarmos em contato com o meio social! Só poderíamos nos relacionar, trabalhar, estudar, etc. após cumprir este período intensivo de estudo profundo das obras dos grandes mestres e filósofos. Provavelmente faríamos outras escolhas, cruzaríamos caminhos menos íngremes e dolorosos e teríamos menos chances de cairmos nas armadilhas emocionais que encontramos todos os dias em nossos caminhos.

Luciana G. Rugani

"A Amizade segundo Aristóteles

Assim como os motivos da Amizade diferem em espécie, também diferem as respectivas formas de afeição e de amizade. Existem três espécies de Amizade, e igual número de motivação do afecto, pois na esfera de cada espécie deve haver "afeição mútua mutuamente reconhecida". Aqueles que têm Amizade desejam o bem do amigo de acordo com o motivo da sua amizade; desse modo, aqueles cujo motivo é a utilidade não têm Amizade realmente um pelo outro, mas apenas na medida em que recebem um bem do outro. Aqueles cujo motivo é o prazer estão em caso semelhante: isto é, têm Amizade por pessoas de fácil graciosidade, não em virtude de seu carácter, mas porque elas lhes são agradáveis. Assim, aqueles cujo motivo da Amizade é a utilidade amam seus amigos pelo que é bom para si mesmo; aqueles cujo motivo é o prazer o fazem pelo que é prazeroso a si mesmo; ou seja, não em função daquilo que a pessoa estimada é, mas na medida em que ela é útil ou agradável. Essas Amizades são portanto circunstanciais: pois que o objecto não é amado por ser a pessoa que é, mas pelo que fornece de vantagem ou prazer, conforme o caso. Tais Amizades são de facto muito passíveis de dissolução se as partes não permanecem iguais: isto é, os outros cessam de ter Amizade por eles quando deixam de ser agradáveis ou úteis. Ora, a natureza da utilidade não é de permanência, mas de constante variação: assim, quando o motivo que os tornou amigos desaparece, a Amizade também se dissolve; pois que existia apenas em relação àquelas circunstâncias... A perfeita Amizade é a que subsiste entre aqueles que são bons e cuja similaridade consiste na bondade; pois esses desejam o bem do outro de maneira semelhante: na medida em que são bons (e são bons em si mesmo); e são especialmente amigos aqueles que desejam o bem a seus amigos por si mesmo, porque assim se sentem em relação a eles, e não por uma mera questão de circunstâncias; assim, a Amizade entre esses homens permanece enquanto eles são bons; e a bondade traz em si um princípio de permanência.
... São poucas as probabilidades de Amizade dessa espécie, porque os homens dessa espécie são raros. Além disso, pressupõem-se todas as qualificações exigidas, essas Amizades exigem ainda tempo e intimidade; pois, como diz o provérbio, os homens não podem se conhecer "até que tenham comido juntos a quantidade de sal necessária"; nem podem de fato admitir um ao outro em sua intimidade, muito menos serem amigos, até que cada um se mostre ao outro e dê provas de ser objecto apropriado para a Amizade. Aqueles que iniciam apressadamente uma troca de gestos amigáveis querem ser amigos mas não o são, a menos que sejam também objectos apropriados para a Amizade e se reconheçam mutuamente como tal: ou seja, o desejo de Amizade pode surgir rapidamente, mas não a amizade propriamente dita".

Fonte: internet

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