Há muito tempo havia assistido a este filme, e hoje resolvi assistir novamente. E que coisa mais gostosa, tantos sentimentos diversos vividos em profundidade durante os minutos do filme. Forrest Gump é assim, nos faz viver uma diversidade de emoções enquanto assistimos ao correr da vida do personagem Forrest.
Um filme que é como a vida, composto de várias fases, de vários momentos, de alegria, emoção, tristeza, esperança, dor, amor.
Forrest, sem deixar de ser como é, sem deixar de amar e sem abandonar os valores recebidos de sua mãe, passa por situações do acaso, ou do destino, que acabam por levá-lo ao renome e reconhecimento nacional. Vive também situações dolorosas, humilhações, preconceito. Mas não os introjeta, não os transforma em mágoa, pois segue firme acreditando no que sua mãe lhe disse: "lembre-se: você não é diferente de ninguém".
Cumpridor de suas promessas, não deixa de realizar o sonho de seu amigo Bubba, morto na guerra do Vietnã. Compra um barco para pescar camarão e, mais uma vez por manobra do acaso, ele torna-se um grande produtor de camarão. Fica rico, mas, como dizia sua mãe, "não é preciso muito para viver", então ele segue sua vida da mesma forma que antes, sem se apegar ou se perturbar com a questão financeira.
Em todas as situações que vive, mesmo as mais dolorosas e em lugar distante, não deixa de pensar na sua amiga Jenny, o amor de sua vida, provando que é possível manter vivo os sentimentos verdadeiros e puros, mesmo perante as mais terríveis tribulações.
E, como a pena que flutua no início do filme e continua fluruando no final, sem rumo certo ou, quem sabe, com um rumo pré-definido, assim segue a vida de Forrest. Ele chega a indagar a sua mãe "qual é meu destino?" Mas ela lhe responde: "você terá que descobrir por si mesmo". E Forrest segue entre a convicção de sua mãe, de que a vida das pessoas flutuam pelo ar ao sabor da brisa, e a de seu amigo Tenente Dan, de que todos temos um destino.
Os amigos de Forrest tinham seus sonhos a realizar, como razões para suas vidas. Mas a vida acaba fazendo com que seus sonhos fiquem pelo caminho e eles, entre as alternativas de desistir de vez pondo fim em tudo ou dar a volta por cima e prosseguir, optam pela segunda alternativa, aceitando a realidade a eles destinada e descobrindo novas maneiras de seguir adiante. Entretanto, Forrest segue literalmente correndo pela vida, corre até o final de uma rua, vira-se e volta correndo até o começo, e assim faz várias vezes no mesmo trecho, passando a mensagem de que é preciso seguir sempre, ainda que surjam impeditivos, vire, tome outro rumo, mas siga em frente.
Ele atinge o sucesso tão almejado por tantos, mas de uma forma natural, ao sabor do vento, sem ter isso como motivação. O único sonho que Forrest tinha era o de se casar com Jenny. Acabou realizando este seu sonho, ainda que por curto período, mas sem pressionar os acontecimentos, sempre seguindo o movimento do vento, como a pena que flutua no ar.
Um filme maravilhoso, que nos possibilita profundas reflexões em torno de vários temas a partir da vida dos personagens.
E fica aqui a indagação maior proposta pelo filme: será que temos nossos destinos pré-determinados ou seguimos a vida como a pena que flutua no vento? Ou quem sabe temos em nós algo pré-destinado a dar certo, traduzido em nossas preferências e dons, que, por uma razão ou outra, acabamos por descobri-los nas oportunidades que nos surgem de exercê-los, e assim tudo passa a fluir naturalmente e com sucesso? Ou seja, se estamos afinizados com nossa essência, com nosso ser íntimo e real, puro, sem os bloqueios causados pelas ilusões e traumas de nossa existência, tudo flui naturalmente como deve ser, ao passo que, se estamos perdidos de nós mesmos, de quem realmente somos, tentamos tentamos e as coisas parecem não sair do lugar?
Luciana G. Rugani
Comentários
Postar um comentário