Ontem fiquei triste com a notícia divulgada na internet sobre uma tartaruga encontrada morta em função da ingestão de plástico na Praia do Forte, em Cabo Frio. Isso significa a natureza chegando ao seu limite, a vida sendo atropelada pelo poder destruidor do ser humano sem consciência.
Quando vou à praia costumo ver algumas cenas que não consigo entender! Já vi rapaz entrando na água com cigarro acesso, e, já dentro do mar termina seu cigarro e lança a bituca nas águas; já vi saquinhos flutuantes passando ao lado de algumas pessoas na água, e também na areia, movidos pelo vento, e essas pessoas não se mexem nem um milímetro no sentido de apanharem esse saquinho; já vi pessoas largarem seu lixo na areia como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo... e isso em poucos momentos de observação... agora o resultado está aí. Nossos animais marinhos estão morrendo em função do lixo lançado ao mar por banhistas e pescadores.
Diz Gustavo Stahelin, biólogo coordenador técnico do Projeto Tamar Florianópolis:
"De tempos em tempos encontramos pedaços de linha nas tartarugas mortas, com redes presas nas nadadeiras. Essas tartarugas podem ter morrido afogadas, tentando soltar a linha de suas nadadeiras. Às vezes encontramos o animal com o membro amputado, mas vivo, saudável, com o membro bem cicatrizado"
E pesquisas do próprio Projeto Tamar demonstram que cerca de 60% das mortes das tartarugas são por ingestão de plástico.
A natureza reflete os atributos de seu Criador. Assim como Ele, Ela é paciente, ela dá chances, ela dá sinais. Há quantos anos acontecem danos ambientais, espécies sofrendo perigo de extinção, mudança de hábitos alimentares e de rota de diversos animais marinhos, entre outros problemas. Isso tudo vem ocorrendo há muitos anos, tempo suficiente para que o homem utilize seu poder de observação, aliado à sua razão, e tome providências em relação à mudança de seus hábitos, para que possa haver uma convivência mais harmônica com a natureza.
O homem é parte da natureza, portanto se a destrói, mais cedo ou mais tarde sentirá em si mesmo os efeitos de sua ação destrutiva. Na natureza tudo é interligado, e a cada ação corresponderá uma reação, nem sempre imediata. Ao homem, como parte racional neste conjunto, cabe a iniciativa de renovar suas atitudes e adaptá-las buscando uma convivência mais equilibrada neste contexto.
Por um lado, cresceu muito hoje a informação, a preocupação com a preservação, mas ao mesmo tempo basta uma caminhada pela praia para vermos que muitos simplesmente não acordaram para o fato de que tudo isso é real, não são só palavras. Não podemos fazer do nosso litoral uma réplica do que acontece nas Ilhas Midway, no Oceano Pacífico, onde há um acúmulo exorbitante de lixo, principalmente plástico, nas águas e nas ilhas. O que está acontecendo lá deve servir de alerta para nós não deixarmos que isso ocorra por aqui.
Pesquisas comprovam que cerca de 90% do lixo nos mares é composto de detritos plásticos. O pequeno vídeo que acompanha este texto serve para ilustrar essa triste situação.
Vale a pena continuarmos insistindo na conscientização, na mudança de hábitos. Vamos frequentar as praias sem deixar nosso rastro de resíduos para trás. Sabendo de tudo isso que ocorre no mundo, vendo os animais morrerem nas praias de nossa região, não me parece inteligente que façamos parte do grupo que contribui com este 90% do lixo.
Importante destacar aqui também o trabalho de pesquisas e monitoramento que são realizados por algumas pessoas e grupos. Sabemos do histórico de lutas e dificuldades em nosso país pelas quais passam os projetos de preservação (como é o caso do próprio projeto TAMAR, citado aqui) e também os diversos grupos de pesquisas científicas e monitoramento. Além da tradicional luta por investimentos, sofrem também com a desinformação das pessoas que muitas vezes nem mesmo sabem de sua existência, e assim deixam de informá-los sobre animais encontrados nas praias, ocasionando prejuízo ao andamento das pesquisas e estudos que são realizados sobre o assunto.
Luciana G. Rugani
Comentários
Postar um comentário