Segunda-feira, dia 24 de junho, passou na Globo News, no Programa Ciência e Tecnologia, um documentário com foco no mundo marinho da região de Cabo Frio, cidade do estado do Rio de Janeiro, Brasil.
O programa foi excelente, com uma fartura de informações. Eu, que sempre fui uma fã das praias desta região, fiquei ainda mais encantada por conhecer tantos detalhes da preciosidade marinha que há ali.
E mais uma vez a natureza nos traz a lição de como tudo na vida tem sua finalidade, tudo está, e é como é, por alguma causa e razão maior, e nada é inútil.
O programa expôs o trabalho do biólogo Vinícius Padula, que há dez anos vem pesquisando sobre os Nudibrânquios no litoral da região. Os Nudibrânquios são uma nova espécie de animais ainda pouco estudada, mas muito importante para o ecossistema marinho. São moluscos marinhos sem conchas, e bem coloridos. Por se alimentarem de outros invertebrados tóxicos, eles acumulam toxinas, o que provoca a coloração variada. Isso significa toxicidade, mostra aos predadores que eles não são palatáveis.
Os Nudibrânquios estão presentes em todos os lugares do mar, tanto nas águas rasas quanto nas mais profundas, mas não são tão fáceis de serem vistos. Vinícius Padula disse que já conseguiu encontrar 55 espécies diferentes de Nudibrânquios, somente na região que envolve a Praia das Conchas e Ilha dos Papagaios. No Brasil, há cerca de 100 espécies conhecidas, portanto nesta região de Cabo Frio já estão catalogadas mais de 50% das espécies conhecidas no país.
Várias razões explicam a importância de se estudar estas espécies:
1º) aumento da já tão rica e maior biodiversidade do mundo, que é a biodiversidade brasileira;
2º) indicativo de que a qualidade do ecossistema está boa, pois os Nudibrânquios se alimentam de outros invertebrados que são sensíveis à poluição, a mudanças ambientais. Então, a presença de Nudibrânquios significa que eles estão tendo alimentos, logo, há a presença de invertebrados que não toleram a poluição. Se os Nudibrânquios começarem a desaparecer, é sinal de que há algo errado no ecossistema;
3º) existem estudos químicos que buscam identificar as moléculas das toxinas que estes animais produzem. Há algumas toxinas isoladas de Nudibrânquios, e também de outros invertebrados marinhos, que foram identificadas com propriedades citotóxicas, por isso são estudadas em laboratórios que fazem estudos contra o câncer e algumas já estão até mesmo sendo utilizadas em medicamentos fora do Brasil.
Todas essas informações nos servem de alerta para cuidar e proteger a região até mesmo contra a biopirataria. Controlar, através da criação de mais reservas marinhas, até mesmo quem está mergulhando na região, com que finalidade, etc.
E, além disso, mais uma vez chamar a atenção para a importância da preservação ambiental, o cuidado com a ocupação desordenada, com a pesca indiscriminada e com a limpeza das praias. Quanto maior a degradação ambiental, maior a chance de acabar esta e outras espécies. Esta região de Cabo Frio possui sete ilhas costeiras, além da Ilha do Japonês. Segundo os pesquisadores, é uma região com grande quantidade de vida, uma enorme diversidade, que deve ser preservada e melhor explorada com atividades que não sejam tão agressivas, como é o caso de atividades de turismo ecológico.
Uma região tão rica, um verdadeiro tesouro, merece todo cuidado e atenção, tanto por parte das autoridades quanto por parte da população. Marcelo Valente, criador do perfil do face Ondas do Peró, também participa do documentário. Marcelo, junto a muitos outros voluntários, realiza de tempos em tempos o "Dia da Limpeza" nas praias Peró e Conchas. Segundo ele, em somente três dias da limpeza que realizaram foi recolhida 1 (uma) tonelada de lixo. Este lixo tem de tudo: cotonetes, fraldas, sacolas plásticas, tampinhas..etc. Tudo isso tem servido de alimento para tartarugas, pinguins, que muitas vezes são encontrados mortos na beira da praia devido à ingestão destes materiais.
Um dos receios dos voluntários é que a região se transforme em algo como as ilhas Midway, localizadas no meio do Oceano Pacífico, que são como um ponto de convergência do lixo que chega dos continentes, daí a razão do monitoramento diário que realizam e dos trabalhos de coleta de lixo promovidos nos dias de limpeza voluntária.
Esta região é maravilhosa, e além de tudo é rica de vida, de natureza, de saúde. O ser humano, ao cuidar e preservar este ambiente, está, antes de tudo, fazendo o bem para si mesmo, pois preserva a qualidade de vida, preserva todo esse imenso "remédio natural" que é essa natureza marinha para a saúde dos humanos. Vamos pensar nisso ao frequentarmos as praias, vamos recolher nosso lixo, recolher aquele saquinho plástico flutuando nas águas. Façamos nossa parte, e que as autoridades também possam fazer a que lhes compete. Turistas e moradores amantes da natureza, venham todos, vamos conhecer e divulgar estas belezas da região, vamos cuidar com carinho e amor de tão valioso patrimônio que nos foi emprestado pelo Criador e do qual temos o dever de utilizar de forma menos agressiva e mais respeitosa.
Já é hora de entender que não é destruindo e desrespeitando a natureza que cresceremos, que teremos progresso. Hoje essa visão é distorcida, e graças à evolução dos últimos anos, há muitas outras maneiras de progredirmos sem nos autodestruirmos destruindo a natureza.
Luciana G. Rugani
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