ARTIGO - Arma contra a maledicência
22 de junho de 2003
Publicado Coluna Bem Viver do Jornal Estado de Minas
Antônio Roberto, Seus ensinamentos têm me ajudado muito. Parabéns pela sua competência. Vivo hoje um problema e peço a sua ajuda. Uma pessoa que se dizia minha amiga inventou e espalhou um boato a respeito de minha conduta. Isto tem me trazido enorme sofrimento. Gostaria de compreender o que leva uma pessoa a falar mal de outras. Obrigada, desde já - Celene, de Juiz de Fora.
Toda vez que se faz algum comentário desabonador sobre o comportamento alheio ou, em casos mais graves, quando se inventa algo sobre o outro, está havendo luta e hostilidade à pessoa objeto da maledicência. Vivemos em uma sociedade extremamente competitiva e existem duas formas cruéis de destruirmos uns aos outros. Ou matamos a pessoa (destruição do corpo) ou matamos a sua imagem.
Numa sociedade, onde a imagem tem um alto valor, falar mal de alguém é uma tentativa de aniquilação do outro, perante à sociedade. Esse comportamento é fruto da competição e da inveja. O prazer de falar mal de alguém existe porque equilibra o mal estar do invejoso diante da alegria, sucesso ou competência do outro.
O maledicente sofre de profunda inferioridade e sofre com o brilho das outras pessoas. O maledicente é semelhante ao planeta que não tendo luz própria, só consegue brilhar, roubando a luz do outro.
Se temos, necessidade de espalhar o lado negativo de alguém, ainda que seja verdade, estamos sendo inimigos desta pessoa e queremos sua destruição para nos sentirmos superiores a ela.
Muitas pessoas não percebem o estrago que fazem na vida de outrem quando são maledicentes e outras sabem disso e o que fazem exatamente por isto.
O que temos a fazer é aprender a conviver com esse fenômeno. Se crescermos, se tivermos sucesso, inevitavelmente seremos objetos da inveja alheia e da maledicência.
Muita gente, como a Celene, sofre profundamente quando é alvo de alguma fofoca. Chora, se sente injustiçada, e isso tem a ver com a vaidade humana. Temos de aprender primeiramente a não falarmos mal das outras pessoas e, de preferência, desenvolver a competência de falar bem.
Em segundo lugar, não devemos sofrer tanto, em vista da consciência da competição e inveja de quem fala mal de nós e de que definitivamente não vale a pena dar tanta importância a isso, embora devamos cortar qualquer relacionamento com pessoas destrutivas.
Uma das maiores virtudes do homem é a capacidade de admirar, de olhar o lado claro e bom que existe nas outras pessoas. A começar de nós mesmos. Uma pessoa que se admira, que se vê preferencialmente nos aspectos positivos, que se ama, que se perdoa pela própria imperfeição, perdoa a imperfeição do outro e não sente prazer em falar mal e destruir um ser humano. O amor só existe em pessoas com competência para admirar. A hostilidade, o desamor começa com a maledicência.
Todo cuidado é pouco com o ser humano. Cultivar o respeito à natureza humana é o primeiro passo para relacionamento sadios. Os maledicentes são pessoas complicadas para o relacionamento e trazem muitos problemas para os grupos a que pertencem, seja na família, no trabalho, no lazer, na sociedade.
A palavra, o falar é um grande dom e estrutura as relações – A língua estabelece o diálogo, o afeto, o elogio e o amor. Quando nossa língua está conectada com o coração, em sintonia com o sentimento, ela fala aquilo de que está cheio o coração.
Se nele há bondade, afeto, ternura, amor, a língua é instrumento de construtividade, de beleza, de admiração. É bom falar bem das pessoas, realçar seu valor perante outros, admirar seus dons e seus talentos. Isto cria um clima de paz e harmonia.
Quando, porém, meu coração está cheio de inveja, ressentimento, ciúme, a língua é instrumento de destruição, é ferina, faz estragos na vida de outros e na própria.
Pessoas que falam mal das outras entraram no mundo da perversidade e atraem para si aquilo que elas desejam para os outros.
“Á toda ação, corresponde uma reação igual e contrária.”
A boca fala o que há no coração. Conhecemos as pessoas pelas suas falas, porque aí conhecemos o seu coração.
Pessoas amorosas têm palavras amorosas.
Pessoas invejosas têm palavras venenosas.
Uma forma saudável de convivermos com a calúnia e a difamação é aumentarmos a nossa auto-estima, através da observação de nossos pontos fortes, nosso potencial e do perdão às nossas fragilidades. Se nos amamos de verdade não nos definiremos pela definição dos que não são nossos amigos. Um bom exercício é repetirmos, de vez em quando, o seguinte:
- Eu sou o que sou e não o que outros querem que eu seja. A melhor resposta aos que falam mal de nós é continuarmos, com humildade, a caminhada para novas conquistas, novos horizontes, para a alegria e para a felicidade.
Antônio Roberto
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