O mês de março parece ser o mês mais cheio de datas comemorativas, pelo menos que eu me lembre. Até ontem foram duas: dia internacional da mulher, oito de março, e dia nacional da poesia, ontem, dia 14.
Hoje, 15 de março, mais uma comemoração: dia mundial do consumidor.
A lembrança desta data me fez pensar nas seguintes questões: como estamos nos comportando enquanto consumidores? Somos consumistas desenfreados ou somos comedidos? A quantas anda a conscientização geral de nossa sociedade em relação à necessidade urgente de haver um consumo mais sustentável em prol da continuidade da vida em nosso planeta?
Hoje percebemos uma maior conscientização em relação à necessidade de desenvolvimento econômico conciliada com preservação dos recursos essenciais à vida em nosso planeta. Ideias como reciclagem, alternativas de energia, reaproveitamento de recursos, etc. são discutidas nas organizações empresarias, em escolas e junto à comunidade. Mas, ao mesmo tempo, vemos uma poderosa onda que impulsiona um consumo cada vez mais frequente e exagerado. Bens, outrora tidos como duráveis, hoje são quase que descartáveis. No ramo da informática, por exemplo, uma máquina de alta performance em pouco tempo torna-se obsoleta devido à atualização quase que diária dos diversos programas existentes, que passam a exigir recursos cada vez mais atualizados de hardware. Algo parecido percebemos no ramo de celulares, e até a televisão, que mais tempo resistiu à onda de modernidade, também entrou no ritmo com modelos diversos e cada vez mais recursos interativos.
As formas de diversões atuais, tanto para jovens quanto para adultos, passam quase que totalmente pelos recursos da televisão ou dos computadores. É grande a fatia do público fiel a estes recursos, e isso já foi percebido pelas grandes indústrias, que não se cansam de investir cada vez mais na propaganda massiva. Hoje acessamos um site e precisamos sair fechando guias de anúncios e propagandas. Aqueles mais desestruturados na emoção ou no caráter sentem-se tomados por uma necessidade gritante de possuir, e partem para roubos e furtos, colaborando com o aumento da violência.
Em suma, o mundo moderno tem espaço para todas as vertentes, há espaço para informações educativas mas também para as deseducativas. O problema é que as deseducativas costumam ser mais poderosas e influentes. A imposição do consumismo desenfreado é mais forte, e nossos jovens (e também nós, adultos) somos reféns desse sistema bem planejado envolvendo durabilidade, modernização e propaganda. Dentro desse panorama, devemos analisar: que podemos fazer para minimizar a imposição do consumismo desenfreado? Ao comprar um produto, refletimos antes se dele temos necessidade real? Até que ponto somos suscetíveis às imposições da mídia, entre elas a imposição de um padrão específico de beleza? Paramos para questionar e analisar o porquê de eu ter que possuir ou usar determinado produto? A imposição de padrões está intimamente ligada ao preconceito. Estamos conscientes disso?
Sempre é tempo de fazermos a nós mesmos estas indagações, para avaliar nosso comportamento dentro desse império de consumo a que estamos submetidos, mas hoje, por ser o dia mundial do consumidor, vamos utilizar a lembrança desta data para reavaliar nossa postura, abandonando velhos hábitos e crenças, e renovando atitudes à luz do bom senso.
Luciana G. Rugani
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