Certa vez li um artigo que enfatizava a necessidade das pessoas cultivarem o hábito do elogio, a terapia do elogio. Desde a garantia constitucional de livre expressão, abriu-se espaço para críticas e desabafos a tantos anos retidos. As pessoas perceberam que podem reinvindicar, reclamar, criticar. E isso é muito bom, é evolução dos tempos.
Mas, tenho observado que as reclamações e desabafos estão tornando-se hábitos na vida das pessoas, e o elogio é algo esquecido para muitos. Mandar um comentário de elogio, aprovação, incentivo..é algo raro. Ficou fora de moda. Assim em todos os setores tem sido a conduta da maioria das pessoas, seja o empregador em relação ao empregado, o cidadão perante os bons administradores, os pais perante os filhos, os leitores em relação às obras dos escritores, e por aí vai...
Entendo que, num primeiro momento, assim que é chegada a liberdade, é normal pender-se para um lado da balança, e extravasar como desabafo e reclamações tudo que estava contido. Mas, com o tempo, é preciso voltar ao ponto de equilíbrio e resgatar um pouco do outro lado, resgatar a capacidade de ver também o lado bom de nosso semelhante, de suas obras. Recuperar a capacidade de elogiar, de incentivar. Isso, principalmente no ambiente de trabalho, faz enorme diferença. E ainda, é preciso saber elogiar. Resgatar a capacidade de elogiar a qualidade de alguém sem ser de modo comparativo, portanto sem incentivar a disputa, a competitividade perversa, que já existe demais em nossa sociedade, sem reforçar a vaidade. Se o filho tira excelente nota, não é dizer "parabéns, você é o melhor, você é demais". Não. O mais sensato é dizer "parabéns, você teve êxito com seu esforço próprio em se preparar, realizou o seu melhor possível e obteve sucesso por isso". Daí, estaremos incentivando-o e ao mesmo tempo educando-o ao fazê-lo entender que o seu sucesso é resultado do próprio esforço em aprimorar-se, e que dando o melhor de si é que poderá ter maior chance de chegar ao êxito.
A mesma coisa para o empregado de uma empresa. Elogiá-lo fazendo-o ver que ele foi um bom colaborador dentro da equipe, soube atuar de forma harmônica ajudando a integrar e unir os esforços, daí o bom resultado na produtividade.
Vale dizer mais uma vez que me refiro a elogios verdadeiros, de coração, e não elogios vazios, ocos, aqueles que ouvimos e que em nada nos acrescentam, pois percebemos neles a mesquinha intenção de manipular a outra pessoa, controlar pelo ego, cutucar a vaidade para ter o outro nas mãos.
O elogio real pode ser aplicado em todas as relações, também nas pessoais. Atualmente as relações estão muito frias, secas, e um elogio,um incentivo, é um pequeno gesto de atenção que ajudará a fortalecer os laços e aquecer a relação.
Como tudo na vida, o hábito de elogiar, assim como o de criticar, se feito com sabedoria poderá ser algo educativo, construtivo, alavancador, que poderá fazer crescer a união em torno dos objetivos comuns e, portanto, pode ser excelente ferramenta para o sucesso pessoal e institucional, e também para uma sociedade mais saudável, menos fria e competitiva.
Luciana G. Rugani
Vamos elogiar?
ResponderExcluirQue ótimo texto para o momento em que estamos vivendo, vi que foi escrito em 2011, mas continua muito necessário e atual.
ResponderExcluirParabéns, você como sempre captando com sua sensibilidade as mensagens certas no momento certo.