Cada ser humano é como se fosse um mundo próprio, tendo em vista a complexidade de sentimentos, desejos, pensamentos e objetivos que cada um traz consigo. São verdadeiros universos particulares, e entender totalmente um ser humano não nos é possível, pois não somos capazes de ter a visão do todo, de toda a história de cada um, suas experiências, seus hábitos, seus pensamentos mais íntimos, e ainda que tivéssemos esta capacidade, tiraríamos nossas conclusões baseados em nossa própria vivência, nossos costumes e nossas crenças, portanto não seriam conclusões imparciais. Por isso dizemos que só Deus é capaz de entender as razões do que se passa conosco, pois Ele sim é o Todo, conhece tudo e todos em profundidade, e vive em unicidade com todos.
Apesar de hoje em dia tudo caminhar no sentido de nos mostrar que estamos todos interligados, como, por exemplo, uma intervenção humana na natureza deste lado do globo repercute no outro lado; relacionamentos sociais, econômicos e políticos influenciados pela globalização constante; a física moderna demonstrando a influência recíproca entre os campos de energia em que estamos mergulhados; e por aí vai...apesar disso tudo, ainda somos reféns de nossa individualidade, e não vivenciamos a unicidade em toda sua plenitude. Aliás, nem a nós mesmos nos conhecemos em profundidade. O “conhece-te a ti mesmo”, de Sócrates, grande sábio da antiguidade, representa até hoje o maior desafio para melhorarmos nossas relações conosco mesmo e com o mundo, portanto, qualquer conclusão que tirarmos sobre outra pessoa não pode ser tida como verdade. Podemos achar que conhecemos alguém, mas pode ser amanhã a vida nos revele o contrário.
O que precisamos fazer é deixar de ter expectativas com terceiros, desistir de entendê-los, apenas aceitá-los como são. Tenhamos expectativas conosco mesmos, com nossa evolução e melhoria pessoal, com o conhecimento de nós mesmos, pois deste nosso mundo individual poderemos ter controle e domínio se a isso nos dedicarmos. Pessoas vão nos surpreender? Sim, sempre. Porque estamos condicionados a pré-conceber idéias sobre os outros. Mas, não nos fixemos nesta surpresa, estejamos atentos para o fato de cada um ser um universo diferente, e que tudo é possível dentro de cada universo. Aceitemos este fato. Só assim saberemos lidar com decepções sem guardar mágoas, entendendo que determinada atitude de alguém está de acordo com o mundo particular em que ela vive, ela também é refém de sua própria individualidade.
“Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é” (Caetano Veloso). Lembremos disso ao nos relacionarmos, seja qual for o vínculo. Não esperemos que os outros ajam de acordo com o que acreditamos, pois, por mais que estejamos unidos pelos mesmos interesses, as individualidades ainda se chocarão, pois esta ainda é a realidade de nossa evolução. Os grandes mestres da humanidade conseguiram caminhar um pouco mais além no entendimento da unicidade. Espelhemo-nos neles para trilhar nosso caminho, mas estejamos cientes de que ainda estamos engatinhando neste processo. Vamos nos dedicar a conhecer a nós mesmos primeiramente, nossas reações, nossos sentimentos, nossa capacidade de amar, sabendo que a relação com o outro será importante ferramenta nesse sentido. Através do outro nos vemos, lembremos disso.
Luciana G. Rugani
Lendo esse texto, foi como fazer uma viagem e recordar minhas poesias. Já escrevi várias onde há nelas, tópicos que estão presentes em teu texto. Me senti em casa, te lendo. bjs.
ResponderExcluirOlá Gil! Obrigada por sua visita e sinta-se em casa mesmo pois este é o objetivo deste nosso cantinho: nos sentirmos em casa batendo um bom papo. Beijos
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